Charge: Miguel Falcão/JC Em meio à letargia do PT para tentar a reunificação do partido após um processo eleitoral de brigas, a vice-presidente do partido em Pernambuco e integrante da corrente Movimento de Ação e Identidade Socialista do PT, Louise Caroline, enviou nesta quinta-feira (18) uma carta ao presidente estadual, Pedro Eugênio, pedindo a convocação de uma reunião interna do partido para uma autocrítica.
Louise assumiu o posto nesta quinta (18), substituindo Giliate Coelho.
De acordo com ela, a corrente decidiu pela mudança para um “enfrentamento mais direto” com as causas da sigla.
Na carta assinada pela corrente, também divulgada à imprensa, o grupo diz que as “instâncias partidárias estão totalmente bloqueadas” para o diálogo e a tentativa de reorganização da legenda.
Além disso, critica o fato de, em dois anos, ter sido convocada apenas uma reunião do Diretório Estadual, em 2010, e se solidariza com os candidatos do Interior, que durante toda a campanha queixaram-se da falta de apoio dos caciques petistas, que estavam ocupados com o imbróglio no Recife.
Após ter rifado a candidatura à reeleição do prefeito João da Costa (PT), Humberto Costa amargou a terceira colocação na eleição no Recife, com apenas 17% dos votos, após 12 anos de governo petista na cidade.
A regra é jogar a culpa pela derrota um no outro. “Não queremos se somar ao clima de caça às bruxas, queremos do partido uma autocrítica.
Já se passaram 11 dias da eleição e nenhuma reunião foi convocada.
E o pior é que ninguém quer sentar e discutir os problemas dentro do partido, mas todos estão indo aos jornais dar sua opinião.
O debate precisa ser interno”, defendeu Louise Carolin.
Além da carta ao presidente e à imprensa, a vice-presidente também afirmou que está procurando aliados de Humberto Costa (PT) e de João da Costa (PT) para conversar e tentar um entendimento. “O PT precisa de uma estratégia, um planejamento a longo prazo, precisa tomar decisões e ter noção das consequências”, avaliou.
Em conversa com a reportagem, a petista evitou opiniar sobre a posição que o partido deve assumir no Estado, em relação ao futuro governo de Geraldo Julio (PSB) e o do governador Eduardo Campos (PSB). “O debate tem que ser interno.
A decisão deve ser tomada por um entendimento”, repetiu.
Veja a nota completa da corrente Movimento de Ação e Identidade Socialista do PT-PE: Mudar para sermos os mesmos A crise que assola do PT de Pernambuco não é recente nem parece acercar-se de uma solução.
A trágica condução do processo eleitoral de 2012 no Recife foi o estopim previsível de um partido sem estratégia, cujas direções, há muito, deixaram de realizar leituras de conjuntura política a médio e longo prazo, movimentando-se exclusivamente de acordo com as disputas eleitorais pontuais.
Para um partido como o PT, fundado em torno das mobilizações populares, dos sonhos pela transformação do mundo, de uma cultura política coletiva, dialógica e horizontal, resumir-se a uma máquina de eleição e gestão centralizada em alguns indivíduos já seria grave.
Pior é quando até a tática eleitoral carece de qualquer planejamento, de pactuação coletiva, de um programa de políticas públicas atualizado e capaz de fazer avançar as grandes mudanças que nossos governos protagonizam nos municípios e no país.
Nós, do Movimento de Ação e Identidade Socialista, surgimos como tendência interna do PT há sete anos, a partir da organização de jovens petistas determinados a apresentar ao partido a necessidade de renovação de suas estratégias, táticas e lideranças.
Nunca atuamos com base do “quanto pior melhor”, nem somamos uma linha à enxurrada de críticas públicas.
Tentamos contribuir por dentro do PT, dialogando com um e outro lado, questionando as decisões, mas acatando e cumprindo cada uma e todas elas, mesmo que nos parecessem - e como pareceram! - equivocadas.
Decidimos vir a público porque as instâncias partidárias estão totalmente bloqueadas e nesse atual cenário isso é muito preocupante.
Desde o último PED, disputado com tanta energia, há quase dois anos, o Diretório Estadual se reuniu uma única vez!
Não foi elaborada uma tática para as eleições e, se no Recife a crise se instalou, para o interior não houve sequer um telefonema dos dirigentes estaduais.
Esperamos o fim das eleições com a expectativa de que, consagrada a derrota, o PT de Pernambuco fosse iniciar um processo de reflexão, crítica e auto crítica, reconhecendo todos e cada um que é preciso começar outra vez.
Mas o que vemos nos últimos dias é uma insistência nas polarizações personalistas, na arregimentação de grupos internos prontos a se enfrentar, nas ruas e nos jornais, sem perceber que cada gota de sangue derramado enfraquece todo o PT e fortalece nossos adversários verdadeiros.
Apesar da gravidade da situação por que passa o PT/PE, seguimos petistas e apostamos na estratégia de mudar o Brasil e o mundo a partir da organização e mobilização popular.
Como nós, milhares e milhares de pessoas, dentro e fora do PT, esperam do maior partido de esquerda da América Latina a capacidade de reinventar-se, atualizar-se, renovar-se.
Reconhecemos e respeitamos a contribuição dada pela primeira geração do partido, tão relevante que nos convenceu a dedicar os melhores anos das nossas vidas à construção desse projeto coletivo.
Mas é preciso seguir em frente.
Os acertos e erros cometidos nesses 30 anos conformam uma nova conjuntura política, que requer uma nova estratégia.
Exigimos a convocação imediata das instâncias partidárias e consideramos esses fóruns democráticos os únicos legitimados a decidir a posição do PT frente aos governos do Recife e de Pernambuco, bem como faz-se fundamental a realização de seminários de planejamento estratégico na capital e no interior que permitam a reconstrução do partido em todo o estado.
A manutenção da agenda negativa, do conflito interno, da caça às bruxas só nos deixará presos a um processo autofágico que acabará se tornando irreversível.
Não é possível individualizar culpados, porque erros sucessivos e tão profundos só acontecem com a ação ou omissão de grande parte da Direção.
Para reinventar o PT de Pernambuco devemos apostar no diálogo e não no enfrentamento, no respeito e não nas acusações, na reflexão e não na emoção.
Uma derrota como essa deve servir de adubo para discussões mais programáticas, profundas e estratégicas.
Precisamos de uma direção política renovada que abandone o discurso já petrificado, que vem nos incapacitando de falar com as camadas populares e de pautar a vida política da cidadania pernambucana.
Para que o fim deste ciclo eleitoral não venha a se constituir no fim do ciclo político do PT.
O MAIS está disposto a contribuir integral e sinceramente com esse novo momento.
Para isso, temos formulado avaliações e sugestões ao debate coletivo.
Estamos indicando a companheira Louise Caroline para assumir uma das vice-presidências do Diretório Estadual, na esperança de que as instâncias voltem ao centro do processo decisório coletivo e que ali possamos contribuir com nosso partido.
Vamos de mãos dadas, mudar para sermos os mesmos.
Viva o PT!