O economista e articulista espontâneo do Blog de Jamildo Maurício Costa Romão comentou o texto opinitivo “Votação de deputado não elege prefeito em Petrolina”, enviado por Claus Oliveira (do Blog do Claus) e publicado nessa segunda-feira (15), no Blog de Jamildo.

Para o especialista, é preciso entender alguns tópicos abordados no artigo.

Votação de deputado não elege prefeito em Petrolina Com a palavra, Romão: Votos válidos e novos eleitores O autor argumenta, inicialmente, que Petrolina “ganhou” 20.422 votos válidos de 2008 para 2012, enquanto o prefeito reeleito Júlio Lóssio perdeu 7.324 eleitores (na verdade foram 8.323, segundo dados do TRE acessados hoje, MCR).

Com base nesses números, infere o articulista: “conclusão mais óbvia: o prefeito não cresceu um milímetro frente aos votantes novatos”.

Essa conclusão não pode ser derivada das premissas formuladas.

O equívoco reside em considerar o acréscimo de votos válidos de uma eleição para outra como resultante da entrada de novos votantes.

Alguns números ajudarão a explicar.

De 2008 para 2012 o eleitorado petrolinense aumentou em 24.352 eleitores.

Admita-se, in extremis, que todo esse contingente tenha, nesta eleição de agora, se abstido de votar (por exemplo, 15.906 eleitores) anulado o voto (6.029 eleitores) ou votado em branco (2.417 eleitores).

Ainda assim, teria havido incremento dos mesmos 20.422 votos válidos sobre os quais o autor chamou a atenção, de uma eleição para outra, sem que, no entanto, se registrasse um só “votante novato”.

Portanto, não se pode associar aumento de votos válidos com novos votantes, assim, univocamente.

Em síntese, ter perdido 8.323 votos entre os pleitos não significa que o prefeito não haja crescido “…um milímetro frente aos votantes novatos”.

Pode ter crescido ou não.

Na ausência de dados desagregados do TRE é impossível saber.

Votação de deputado e eleição de prefeito Na segunda parte do seu texto, Oliveira busca mostrar que a votação dos deputados locais (Odacy Amorim, Gonzaga Patriota e Fernando Filho) “não elege prefeito em Petrolina”.

Esta associação, estabelecida dessa forma, sem qualificativos, é indevida.

Pelo raciocínio do articulista a votação de Fernando Filho, por exemplo, deveria guardar correspondência com sua eventual ascensão ao Executivo.

Observa o autor que a votação do parlamentar aumentou este ano, em relação a 2010, em 16.686 novos eleitores: “…Como se nota, Filho cresceu de fato, mas votação de deputado não elege prefeito em Petrolina”.

Um lembrete para começar, mesmo que pareça desnecessário: uma eleição é majoritária; outra, é proporcional.

A primeira trata da escolha daquele que vai gerir o município, exercício para o qual os eleitores demandam certos requisitos dos postulantes; a segunda lida com representação da cidade e da região no Parlamento, para cuja seleção os atributos exigidos dos candidatos são de outra ordem.

Os fatores determinantes do voto em um caso e noutro são muito distintos.

Não surpreende, pois, que um candidato a prefeito, parlamentar campeão de votos em determinada cidade, seja derrotado por um concorrente que consegui empolgar o eleitorado, ou por um postulante à reeleição cuja administração, por exemplo, seja considerada bem avaliada pelos munícipes.

Ou, o contrário: acontecer de prefeito de popularidade baixa perder a eleição para postulante detentor de mandato legislativo, cuja votação no município-base foi apenas mediana na eleição proporcional anterior.

Cada eleição é uma eleição distinta, com peculiaridades específicas de seus momentos.

Aqui soa apropriado mencionar Antônio Lavareda que, para enfatizar a diferença entre cada pleito, gosta de lembrar o filósofo Ortega y Gasset (“os homens são eles e suas circunstâncias”).

Oliveira, no seu instigante artigo, comparou os mesmos homens em 2010 e 2012, mas não levou em conta “suas circunstâncias” (sociais, econômicas, políticas…) e estas diferem de um período para outro.