Rendimento da venda da cana da usina será dividido entre pagamentos com trabalhadores da unidade (60%) e produtores de cana (20%).

Este é o teor do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que dirigentes da Usina Cruangi assinarão nesta quarta-feira (10), às 15h, no Ministério Público do Trabalho (MPT).

O documento é resultado de acordo entre o órgão federal, Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP) e o Sindicato dos Cultivadores de Cana do Estado (Sindicape).

Para os fornecedores de cana, o acordo resolve o problema em parte.

O dinheiro obtido com a venda da cana vai para uma conta judicial e a AFCP e o Sindicape apresentará uma lista com todos os 150 produtores envolvidos no processo para receber proporcionalmente o que lhe é atribuído.

No entanto, mesmo assim, a unidade ainda não quita toda a dívida com os produtores. “Cruangi acumula um passivo na ordem de R$ 8 milhões, porém, o valor referente a 20% da venda da cana, parte que pertence aos produtores conforme o TAC, corresponde a R$ 4 milhões”, diz o presidente da AFCP, Alexandre Andrade Lima.

Entretanto, o dirigente reconhece que houve avanço nas negociações e condiciona o cenário à contribuição fundamental do MPT. “O órgão foi determinante”, conta Andrade Lima.

Para o dirigente, a inclusão da obrigatoriedade da usina pagar parte da dívida com os fornecedores é uma justiça com os produtores que também têm trabalhadores e precisam cumprir com suas obrigações.

Inicialmente, o TAC não incluiria os produtores no acordo.

Apenas os trabalhadores da usina receberiam o rendimento com venda da cana como forma de pagamento.

Solidariedade e resistência – “As unidades interessaram na compra da cana de Cruangi foram solidárias à situação dos fornecedores de cana”, agradece Lima.

Ele conta que essas usinas se recusaram a comprar a cana se Cruangi não aceitasse incluir o pagamento dos produtores no TAC proposto pelo MPT.

O dirigente lembra ainda que o papel dos próprios fornecedores também foi decisivo. “Enquanto não houvesse resposta sobre o pagamento, os produtores estavam preparados para impedir a saída de qualquer caminhão com cana negociada para outra usina”, lembra, ressaltando que esta decisão foi tomada em assembleia do segmento na cidade de Timbaúba, em setembro.