Foto: Clemilson Campos/JC Imagem Por Ana Lúcia Andrade, no JC desta segunda-feira O PSB sempre rejeitou a balda de partido satélite do PT.
Mas carregou essa estampa por mais de duas décadas.
Nacionalmente e no Recife.
Dobrou-se ao apoio à candidatura de Lula à Presidência da República em todas suas tentativas.
Indenizada a “era Lula”, o governador e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, libertou-se da função de âncora do PT e se jogou ao desejo intenso de ganhar voo próprio.
De todas as cidades onde pôs em prática esse projeto, Recife talvez seja a capital que deve lhe consagrar a maior vitória sobre um PT que precisa se reconstruir para continuar uma opção na política nacional.
Essa eleição do Recife é maiúscula para os projetos do governador porque ele “enterra” a força do mito Lula no Estado.
Ao eleger em primeiro turno o desconhecido Geraldo Julio, fica provado que quem dão as cartas em Pernambuco é Eduardo e um jeito de governar que ele importou da expertise do PSDB de Minas Gerais de Aécio Neves.
A vitória que carrega igual tamanho na derrota do PT, pois Eduardo fez da eleição do Recife a “São Paulo de Lula”.
E venceu sem precisar suar a camisa por mais um mês como fará o ex-presidente.
O passo dado por Eduardo Campos, entretanto, em nada se depara com a irresponsabilidade de marchar além dos que suas “pernas” permitem alcançar.
Ao sobreviver à “UTI política” do calvário dos precatórios, que quase o interditou politicamente, Eduardo “nasceu de novo”.
E quando um político se põe novamente em vigor, sobretudo em se tratando daqueles de perfil do governador de Pernambuco, o “céu passa a ser o limite”.
E tendo tão alto alcance como meta acertar o verbo a se praticar com rigor.
Não à toa, o socialista entrou prematuramente em campo.
Aparelhado no “programa partidário”, pôs em prática a campanha do PSB às eleições municipais de 2012: a de se apresentar não apenas para Pernambuco, tampouco se restringir a falar com o Recife, mas conversar com o Brasil.
Disparou inserções nacionais no esforço de fazer do PSB uma alternativa a suceder o PT, ciente dos percalços praticados e perpetuados pelo PSDB em várias tentativas de substituir os petistas.
Desde que o partido de Eduardo resolveu se bancar uma alternativa política nacional – auxiliado, claro, pelo destino que tirou de combate a liderança máxima do PT, o ex-presidente Lula, o PT inevitavelmente virou seu principal “adversário”.
Até esse voo ganhar ares de nacionalidade, e para 2014 ainda vai depender (e muito) do desempenho da presidente Dilma, Eduardo Campos insiste que o crescimento de seu partido é “bom inclusive para o PT”.
Sob o argumento de que se trata de uma expansão não apenas do PSB mas do campo “progressista”.
Mas o fato é que o partido socialista caminha para tomar direções que podem, inclusive, tirá-lo dessa esfera.
Pois ao submeter o eleitor, numa eleição municipal, ao escrutínio das preferências para governar o Brasil em 2014, Eduardo Campos construiu pontes que vão além das fronteiras da aliança com o PT.
O que pode, sim, levá-lo a ser coroado um instrumento do PSDB de volta ao Palácio do Planalto.
Mas antes de pensar num projeto futuro nacional, Eduardo Campos tem o desafio de fazer seu sucessor no Estado, com a mesma demonstração de força que mostrou ao tirar o PT do comando do Recife, e continuar crescendo pelo País com a “qualidade” de gestor que vendeu em 2012, enquanto aguarda as condições políticas para ser, de fato, uma realidade política nacional.