Por Sérgio Montenegro Filho, na coluna Polis, do NE10 Os resultados eleitorais em Pernambuco deixaram absolutamente clara a força do rolo compressor pilotado pelo governador Eduardo Campos (PSB).

Ao garantir a vitória do pupilo Geraldo Julio (PSB) no Recife, logo no primeiro turno, o líder socialista acabou com 12 anos de hegemonia do PT na Prefeitura e ainda assegurou que os petistas não o incomodem nas articulações da sua própria sucessão, daqui até 2014.

Mas a capital não era suficiente.

Para respaldar seu projeto político nacional - que significa uma candidatura a presidente ou, pelo menos, a vice-presidente nas próximas eleições -, Eduardo Campos acionou os motores e esmagou o que restava de oposição no Estado.

A Frente Popular, aliança de 14 partidos que dá respaldo ao seu governo, atingiu - com a eleição dos novos prefeitos - um grau de onipresença em Pernambuco que o governador vai levar em destaque no currículo ao se apresentar para a disputa nacional em 2014.

Sozinho, o PSB tinha planos de eleger pelo menos 60 prefeitos.

Ultrapassou a meta.

No âmbito da Frente Popular, cravou a assustadora marca de 170 eleitos no Estado, deixando apenas 14 cidades sob controle de oposicionistas.

E isso é só até que eles iniciem os novos mandatos.

A partir de janeiro, com a força que será imprimida pelo Palácio para fazer brilhar a estrela do seu comandante no cenário nacional, poucos resistirão em permanecer como adversários.

O adesismo, doença tradicional num País de prefeituras de cofres eternamente vazios, costuma levar os novos prefeitos sempre para debaixo das asas dos governadores e do presidente da República.

Com Eduardo não é diferente.

Afinal, ele conseguiu “sobreviver” à disputa entre PSB e PT no Recife e em outras cidades importantes do País sem se atritar com o ex-presidente Lula nem com a presidente Dilma Rousseff.

De olho no próprio projeto político daqui a dois anos, o socialista manteve o prestígio que sempre desfrutou junto ao alto comando do PT, e, muito provavelmente, preservará a aliança com o partido para 2014.

Por mais que os petistas locais esperneiem, em Pernambuco - graças ao enfraquecimento dos seus dois principais líderes, Humberto Costa e João Paulo - o PT não terá peso suficiente para caminhar sozinho.

Terá que se dobrar aos desígnios traçados por Eduardo Campos.