Crônica de uma morte anunciada Morris Kachani, na Folha de São Paulo É sintomático que Lula, responsável pela nomeação de Humberto Costa (PT), não tenha dado as caras em Recife PT E PSB, velhos aliados da base governista nacional, se estranham cada vez mais em Recife.
Inconformado, o candidato Humberto Costa (PT) acusa o governador Eduardo Campos (PSB) de abuso do poder político, colocando a máquina do Estado para funcionar a favor de seu candidato, Geraldo Julio (PSB).
Cita a distribuição de tablets para estudantes por meio de um programa estadual.
Ao lado de Eduardo Campos, Geraldo aparece em sua campanha prometendo que fará o mesmo no plano municipal. “Me causa espécie a falta de proatividade do Ministério Público diante de tantas irregularidades tão óbvias”, desabafa Costa.
O petista não transmite empolgação com a campanha, reservada a um humilhante terceiro lugar.
Atribui ao governador do PSB a ruptura de uma aliança entre os dois partidos. “Se ele continuasse nos apoiando, certamente ganharíamos.
Mesmo com o partido dividido.” O PT foi despedaçado após uma sequência de brigas internas.
Apesar de sua impopularidade, o prefeito João da Costa (PT), que venceu as polêmicas prévias do partido, aparece como vítima, pois não poderá defender seu mandato. É sintomático que Lula, co-responsável pela nomeação unilateral de Humberto Costa, não tenha dado as caras por aqui.
E logo em Pernambuco, sua terra natal. É em Recife que está um dos mais vistosos empreendimentos sociais do ex-presidente, a transformação do legendário bairro de Brasília Teimosa.
Dali, as palafitas se foram.
Foi construída uma imensa avenida costeira.
Verdade que 500 famílias foram removidas para a periferia.
Mas a melhoria na qualidade da vida dos 18 mil que ficaram foi significativa.
O bairro continua honrando sua tradição de luta, projetada nacionalmente nos anos 50 quando cinco pescadores foram de jangada ao Rio reivindicar o direito à moradia.
Foram à posse de Juscelino Kubitschek, em um momento em que Brasília estava sendo projetada.
Daí o nome.
Cercados por apartamentos que valem R$ 2 milhões, os moradores de Brasília Teimosa agora encaram os riscos de uma “expulsão branca”.
O preço dos imóveis quase triplicou em seis anos.
O bairro, que havia se transformado em tradicional reduto petista, não deve votar majoritariamente no partido.
Brasília Teimosa segue sendo teimosa.