Por Jamildo Melo O eleitor do Recife deve ter ficado um pouco frustrado com o debate entre os candidatos a prefeito, na TV Globo.
O debate foi muito chato e engessado.
Os próprios candidatos, possivelmente com receio de errar a mão e perder votos na reta final, pouco ousaram.
No fim, o que se viu foi mais do mesmo.
Apesar de Humberto Costa ter sido mais contundente, quem acabou sendo beneficiado pelo debate morno foi Geraldo Júlio, que não sofreu maiores desgastes e pode manter a dianteira na disputa.
O momento mais emocionante ficou por conta do candidato do PT, Humberto Costa, no quarto bloco.
O petista, em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, fez um novo ataque ao socilista Geraldo Júlio, que lidera as pesquisas com folga.
Costa usou a passagem de Geraldo Júlio na gestão do ex-prefeito Fernando Bezerra Coelho, do PSB em Petrolina, na secretaria de Finanças, para acusá-lo de ser um mal gestor.
O senador acusou Geraldo Júlio de ter assinado um contrato de R$ 30 milhões com o BNDES, para saúde e saneamento, mas não aplicou, ferindo até a lei de responsabilidade fiscal. “O TRF5 já cancelou o empréstimo. É o grande gestor que quer governar o Recife”, criticou Humberto Costa.
Geraldo Júlio retrucou afirmando que não era verdade, que o contrato foi assinado pelo prefeito e antes de sua chegada ao cargo de secretário e que os recursos foram aplicados corretamente. “Tenho a vida limpa e todas as contas aprovadas”, rebateu Geraldo Júlio.
No entanto, quando se esperava mais fight, ficou por isto mesmo.
Caso o segundo turno das eleições no Recife se dê com Daniel Coelho, o tema pode voltar à tona com mais força, pois já vinha sendo analisado pelos tucanos desde o meio da campanha.
Com o ataque, o senador Humberto Costa deixa claro que a sua banda do PT dinamitou mesmo as pontes com o governador Eduardo Campos, do PSB.
O PMDB também usa o mesmo contrato polêmico do BNDES para bater no ministro FBC e seu filho e candidato em Petrolina, nestas eleições.
Entenda a polêmica aqui.
PPP da Compesa No leque de assuntos batidos, a polêmica da PPP da Compesa voltou com destaque no debate desta noite.
Já no segundo bloco, em tabelinha com Daniel Coelho, Humberto Costa, voltou a dizer que trará prejuízo para o Estado e vai obrigar a estatal a aumentar tarifas da conta de água. “As empresas privadas vão sanear as áreas mais ricas da cidade.
Não concordo de forma alguma”, disse.
Daniel Coelho ainda aproveitou uma tréplica para citar que Rands, aliado de Humberto Costa, defendia o instrumento das PPPs.
No segundo e quarto bloco, sem ser acossado primeiro por Numeriano e depois por Mendonça Filho, Geraldo Júlio deu-se ao trabalho de retrucar, ao ser questionado sobre outros assuntos. “Com a PPP da Compesa, vamos tirar o pé das pessoas da lama e os rios vão ganhar em sustentabilidade”, afirmou. “A Compesa não será privatizada.
Não vai ter aumento de tarifas, vai ter é saneamento melhor”, garantiu.
João da Costa O prefeito do Recife, João da Costa, quase passa desapercebido deste debate, não fosse citado negativamente pelo “aliado” Humberto Costa, quando se falava no quarto bloco, com Numeriano, sobre a PPP da Compesa. “Não sou obrigado a concordar com João da Costa.
Muito pelo contrário, até por discordar dele em muitas coisas é que sou candidato”, afirmou, defendendo o uso de dinheiro do PAC para sanear o Recife.
Em relação a João Paulo, antigo desafeto, só elogios, por mais de uma vez.
Daniel também alfinetou João da Costa. “A primeira medida de João da Costa foi tentar retirar todos os ambulantes de Boa Viagem, numa ação desastrosa”, reclamou Daniel Coelho, quando foi questionado por Mendonça Filho sobre manutenção de calçadas.
Esquecendo o condomínio O candidato do Democratas, Mendonça Filho, mesmo em quarto lugar nas pesquisas, adotou uma postura cordial, sem entrar em polêmicas.
Chamou a atenção, em sua participação, que não tenha citado uma vez sequer a expressão condomínio do PT/PSB, para criticar a participação do governo do Estado na gestão municipal.
No quarto bloco do programa, ao responder diretamente a Geraldo Júlio sobre questões de segurança, evitou acirrar os ânimos e estimular as divergências.Da mesma forma, no primeiro bloco, ao responder outra pergunta de Geraldo Júlio sobre pavimentação, não fez nenhuma crítica mais dura nem menos dura.
A tônica repetiu-se, na abertura do segundo bloco, quando Geraldo Júlio mais uma vez buscou Mendonça Filho para perguntar sobre educação.No terceiro bloco, ao debater com Daniel Coelho sobre o polêmico tema do lixo no Recife, o democrata, mais uma vez, esqueceu a expressão que havia cunhado no começo da campanha.Neste memo bloco, quando teve a preferência da palavra, buscou de novo Geraldo Júlio, ao debater a questão da iluminação pública, mais não fez críticas ao PSB diretamente, apenas reclamando da gestão municipal, que teria abandonado a cidade.
Curiosamente, o democrata foi mais incisivo com Daniel Coelho, ao questioná-lo sobre a proposta de teleféricos nos morros do Recife.
Ele perguntou ao tucano onde faria isto e a que custo.
Daniel não respondeu, nem deu custo, preferindo informar que o Rio de Janeiro e Bogotá adotaram o meio de transporte alternativo. “Nestas cidades, a altura e a distância justificam o investimento em teleféricos.
Não é o caso do Recife.
Com R4 200 milhões, seria possível alargar a Avenida Norte e atender melhor Casa Amarela com os metrôs sobre rodas”, sugeriu Mendonça Filho.
Segundo turno Nas considerações finais, Humberto Costa apelou diretamente ao eleitor para mandá-lo ao segundo turno.Daniel Coelho apelou para ir ao segundo turno já no segundo bloco, quando ainda lamentou o “baixo nível da campanha nops últimos dias”, sem citar Geraldo Júlio.
Daniel Coelho aproveitou o último bloco para fustigar o socialista, a quem chamou indiretamente de covarde, sem citar o caso das notas frias, objeto de vinhetas da Frente Popular no horário eleitoral gratuíto. “O tema não apareceu aqui no debate.
Eles não tem coragem, preferem um ato covarde (nas vinhetas do programa eleitoral)” Instrumentalização do OP Roberto Numeriano, do PCB, teve o seu melhor momento ao criticar a instrumentalização política do Orçamento Participativo, nas gestões do PT no Recife.
Ao ser confrontado com o tema, o candidato do PT admitiu o problema e prometeu, se eleito, mudar o OP. “Não vou permitir instrumentalização.
Se houver imperfeição, vamos mudar.
As ideias originais do PT da nossa gestão (João Paulo?) precisam ser resgatadas”, disse, numa declaração que pode ser interpretada como uma farpa ao atual prefeito.
Nas prévias, coordenadores do OP chegaram a ser chamados de maloqueiros pela ala de Humberto Costa.
O momento mais non sense do debate ficou por conta do mesmo Numeriano e Geraldo Júlio falando sobre propostas para a área de cultura.
Pouca inspiração é pouco para descrever a cena.