Foto: Sérgio Figueiredo/divulgação Débora Duque, no Jornal do Commercio deste domingo (30) Mesmo com a radicalização da campanha entre PSB e PT na disputa do Recife, os petistas não cogitam abandonar voluntariamente os cargos que ocupam no governo do Estado.

Tampouco estão dispostos a ceder às “pressões veladas” para sair da gestão estadual, o que só deve acontecer caso haja uma ordem expressa do governador Eduardo Campos (PSB).

Pelo menos esse foi o tom do recado dado, nesse sábado (29), pelo senador Humberto Costa (PT) em reação à notícia de que o socialista estaria liderando uma movimentação silenciosa para induzir secretários e funcionários filiados ao PT a pedirem exoneração.

PT de malas prontas para deixar o governo O assunto, segundo Humberto, não está sendo tratado pelo partido.

Entretanto, ele fez questão de reforçar que o governador tem “autonomia” para realizar trocas na administração. “Ele não precisa fazer pressão, nem mandar recados. É só pedir os cargos de volta”, resumiu.

Como o desembarque do governo do Estado consolidaria o rompimento político entre PT e PSB, a estratégia petista é “jogar no colo” do governador a responsabilidade pelo fim da aliança.

Ao mesmo tempo, Eduardo trabalha nos bastidores para levar os petistas a se autodemitirem e, assim, não capitalizar esse desgaste político.

Humberto lembrou que o PSB faz parte das gestões do PT no Recife e no governo federal na tentativa de justificar a permanência do PT na máquina estadual. “Por conta da eleição municipal, o PSB não está saindo do governo federal nem do municipal.

Por que o PT vai fazer essa discussão agora?

Mas o governador tem toda liberdade de mexer na hora que considerar melhor.

Os cargos são dele”, provocou.

O petista também explicou a decisão de levar ao guia eleitoral da sexta-feira (28) o rompimento com o prefeito João da Costa (PT).

No programa, ele declarou com todas as letras que o gestor apoia o candidato Geraldo Julio (PSB), embora o partido esperasse do prefeito que ele adotasse, no mínimo, uma “posição de neutralidade”. “Ele (João da Costa) está claramente engajado na campanha do candidato do PSB e dos candidatos a vereador ligados a ele.

Por isso, a gente teve que dizer claramente que o candidato do PSB tem o apoio do prefeito e a responsabilidade com a gestão atual”, justificou Humberto, após participar de uma caminhada, ontem, na praia de Boa Viagem.

ALIANÇA - Para “compensar” a ausência da presidente Dilma e do ex-presidente Lula no palanque, Humberto Costa (PT) recebeu, nesse sábado (29), o braço-direito das duas principais lideranças do PT: o ministro da secretaria-geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

Sua missão foi reforçar a campanha do aliado, mas o próprio ministro deixou claro o motivo pelo qual Dilma e Lula optaram por não pisar no Recife: a preservação da aliança nacional com o PSB. “A presidente Dilma está muito cuidadosa e, por isso, não veio aqui nem gravou para Humberto.

Não é porque não deseja a eleição dele, mas ela sabe que há vida depois das eleições e ela tem que contar com o apoio da base”, disse.

Em relação à ausência de Lula, Gilberto Carvalho alegou os problemas de saúde enfrentados pelo ex-presidente, mas reconheceu que o enfrentamento com o PSB também pesou. “A eleição de Humberto é importante para os dois.

Mas há um cuidado que outros deveriam ter também.

Essa aliança (com o PSB) é muito cara para nós, o que não significa que não haja debates radicalizados em cada município”, minimizou.

Ao mesmo tempo em que se esforçou para demonstrar o apoio da direção nacional do PT a Humberto, o ministro pediu “cautela” para não “prejudicar o projeto nacional do partido”. “Tem que se ter maturidade na política, não ir com muita sede ao pote.

O projeto nacional é tão importante que não podemos sacrificá-lo em função de determinados interesses.

Agora, insisto, o melhor candidato é Humberto.

Não vim para falar mal do outro, mas para falar bem do melhor”, contemporizou.

Gilberto Carvalho tomou café da manhã na casa de Humberto e, em seguida, gravou depoimentos para o guia eleitoral.