Fotos: Fábio Jardelino/NE10 Por Gabriela López, do Blog de Jamildo A cidade de Goiana está redesenhando o cenário econômico da Zona da Mata Norte pernambucana.

Tradicional pelas usinas de cana-de-açúcar, o município vê as plantações dando espaço aos canteiros de obras.

O polo farmacoquímico já caminhava quando, em 2010, foi anunciada a construção de uma fábrica da Fiat.

Junto com a montadora, virá um complexo automobilístico formado pelas empresas que fornecerão para a italiana.

Moradores de Goiana não sentem a chegada dos empregos da Fiat Por causa deste cenário, a concorrência pela Prefeitura de Goiana é acirrada.

Três candidatos disputam a preferência dos 50 mil eleitores aptos a votar (ao todo, são 80 mil habitantes): Carlos Viegas (PDT), Fred Gadelha (PTB) e Tenente Menezes (PRTB).

O atual prefeito, Henrique Fenelon (PCdoB), apoia o pedetista.

O gestor, entretanto, amarga um alto índice de rejeição.

O crescimento que a cidade vive é atribuído pelos moradores ao Governo do Estado. “Quem trouxe a Fiat para o Brasil foi Lula e Eduardo trouxe para Pernambuco e Goiana.

Qualquer pessoa que estivesse na Prefeitura iria para assinar a permissão da fábrica.

A vaia é segura onde ele [Fenelon] subir”, comenta o gari Moisés Miguel de Sousa, de 62 anos.

O morador também comemora a chegada de uma unidade do Sesc e de uma Escola Técnica.

Tudo na conta de Eduardo, segundo ele.

Outras pessoas reclamam do atraso no salário dos servidores, do fechamento de tradicionais igrejas pelo “Infame” - como alguns descontentes chamam o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) -, da interdição de parte do principal hospital da cidade, o Belarmino Correia, e das constantes faltas de aulas nas escolas públicas. “A cidade está horrível em todos os sentidos.

Muita sujeira, falta de creche.

Tem posto que nem médico tem.

Aqui na feira a coberta para proteger da chuva está toda acabada.

A feira de frutas é um fedor”, lamenta a feirante Rosália Rodrigues, de 38 anos.

Já “Fred da Caixa”, como Fred Gadelha é conhecido por ser gerente da Caixa Econômica, tem o apoio do governador Eduardo Campos (PSB) e o PT, do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff.

A aliança faz com que o prefeiturável tenha o maior volume de campanha entre os candidatos, mas o barulho dos carros de som incomoda os moradores. “Tem dias que nem dá para ver TV. É muito barulho.

Eles podiam pelo menos baixar o volume um pouquinho”, reclama a estudante Bianca Pimentel, de 16 anos.

Pois é.

Se Goiana vive um crescimento de capital, a forma de fazer campanha ainda é típica dos municípios do interior.

Muitos carros de som circulam pelas ruas em uma verdadeira guerra de barulho e a maioria dos eventos são carreatas e porta a porta.

O PTB considera a eleição de Fred como uma das prioridades do partido no Estado.

Apesar de não ter apoio de caciques, o tenente Menezes cresce nas pesquisas.

Ele disputou a eleição passada para prefeito, em 2008, e teve pouco mais de 1,3 mil votos, que representou 3,5% do total.

Este ano, entretanto, há quem diga na cidade que ele está empatado com Fred ou até já superou.

A informação, entretanto, é extraoficial, já que nenhuma pesquisa de intenção de votos foi inscrita no Sistema de Registro de Pesquisa Eleitoral (PesqEle) do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE). “Ele é o Celso Russomanno daqui”, brincou um morador, referindo-se ao candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, que lidera com folga as pesquisas, superando caciques como José Serra (PSDB).