Por Terezinha Nunes No detalhado relato que fez esta semana no STF sobre o mensalão, o ministro Joaquim Barbosa disse ter comprovado o uso de recursos públicos, via Banco do Brasil, e de empréstimos fraudulentos feitos pelo PT, para assegurar votos de deputados no Congresso, durante o Governo Lula.

No caso do PP, Barbosa se deu ao trabalho de demonstrar, com clareza, que os recursos entregues ao Partido Progressista coincidiram com semanas ou dias de votações importantes, derrubando a alegação dos petistas envolvidos de que os pagamentos se referiam a débitos de campanha, o que daria no mesmo, mas, se comprovado, evitaria que o PT fosse acusado, como está sendo agora, de ter praticado a condenável “compra de votos”.

Na verdade, além do que o STF venha a comprovar, via liberação de recursos, sobre a “compra” de votos no Congresso, uma outra evidência de que isto verdadeiramente aconteceu não está nos autos do processo mas tem grande relevância como prova.

Trata-se do engordamento dos partidos governistas mais fisiológicos entre 2002 e 2005, no primeiro mandato de Lula.

Nesse período 125 deputados mudaram de sigla alguns mais de uma vez.

A história começou após as eleições de 2002.

Vitorioso com Lula, o PT não conseguiu a maioria que desejava ter no Congresso.

Os partidos de sua base, o próprio PT, PCdoB e o PL, de José de Alencar, elegeram juntos apenas 129 dos 513 deputados.

Para aprovar uma PEC são necessários 308 votos e para aprovar uma MP, 257 votos.

Receoso de que os partidos mais ideológicos – PT e PCdoB - criassem algum problema na aprovação de medidas mais duras - o que acabou acontecendo com uma dissidência petista comandada por Luciana Genro que levou à criação do PSOL - o Governo decidiu deixá-los com o mesmo tamanho.

A saída, então foi inflar os partidos mais fisiológicos.

Certamente em busca de benesses ou recursos em espécie mesmo, como se mostra agora, esses partidos cresceram de forma vertiginosa. À medida em que os recursos do mensalão iam sendo liberados mais deputados mudavam de sigla.

Foi assim que o PL, hoje PR, passou de 26 para 47 deputados; o PTB de 26 para 46 deputados e o PMDB, que tinha apoiado José Serra em 2002 ganhou mais 17 deputados quando saiu da oposição para aderir ao governo.

Tinha elegido 74, perdeu quatro por outros motivos, e, ganhando os 17, engordou sua bancada para 87 deputados.

O casamento desses números com os recursos do mensalão, dá para deduzir sobre o que aconteceu.

Recentemente, mesmo sem mensalão, a base governista conseguiu a criação de um novo partido, o PSD, do prefeito Gilberto Kassab, que já se comprometeu a estar na base de Dilma e, por conta deste detalhe, conseguiu reunir 55 deputados em pouco tempo e é hoje a terceira maior bancada na Câmara.

Kassab, por conta da amizade com José Serra, candidato a prefeito de São Paulo, não pode nesta eleição municipal paulista apoiar o candidato do PT, Fernando Haddad mas, no restante do país, o seu partido se compôs com a base lulista.

Imagina-se que com o julgamento e condenação dos mensaleiros, o PSD não tenha sido inflado com recursos públicos mas, certamente, seus componentes aguardam espaços no poder, definhando , ainda mais, a oposição.

CURTAS A bola da vez – Quando chamou os partidos governistas para escolher seu candidato a prefeito do Recife, o governador Eduardo Campos constatou, segundo se comenta na Assembléia, que dois nomes tinham obtido unanimidade: Geraldo Júlio e Tadeu Alencar.

Geraldo acabou sendo ungido por conta da experiência na secretaria de planejamento mas Tadeu ficou destacado como um quadro a ser bem aproveitado no futuro.

Nesta eleição tem representado o governador em comícios dos partido da base em todo o interior.

João Alfredo – O município pernambucano de João Alfredo tem uma curiosidade nesta eleição.

Duas mulheres dividem a liderança nas pesquisas.

A ex-prefeita Maria Sebastiana da Conceição, do PTB, e Anna Amélia Alves dos Santos, do PSDB.

Portanto, seja qual for o resultado do pleito, uma mulher vai comandar os destinos do município a partir do próximo ano.

Estresse – Está tão grande a briga entre outros partidos da base do Governo e o PSB nestas eleições que, esta semana, ao ver colegas governistas na Assembléia reclamarem do tratamento que estão recebendo do Palácio, o líder da oposição, deputado Antonio Moraes, provocou: “pois estou vendo que eu, mesmo na oposição, estou tendo melhor tratamento do que vocês”.