Por Michel Zaidan Filho Gostaria muito de começar este artigo com o poema de Carlos Drummond de Andrade “De mãos dadas”, escrito na fase de namoro do poeta com o PCB.

Infelizmente, tenho de começar com o título do livro homônimo de Jean-Paul Sartre.

Isto porque o texto pretende falar não da solidariedade de companheiros de uma mesma luta, uma mesma causa: a justiça social ou trabalhista.

Mas da inevitável contaminação moral dos partidos e dos políticos, quando entram para a política.

O libelo acusatório do ministro-relator do chamado processo do “mensalão” não só incrimina um grupo pluripartidário de ilícitos como corrupção, lavagem de dinheiro, abuso de poder economico, compra e venda de votos e apoio político-parlamentar, em votações cruciais como a da reforma da Previdência e a Reforma Tributária, mas vai além: estende a responsabilidade penal dos ilícitos ao ex-presidente LU LA, pela compra dos votos em troca da malfadada “governabilidade” petista. É de se perguntar se esses crimes na República Brasileira se banalizaram a ponto de se tornarem coisas comuns, corriqueiras ou aceitas pela opinião pública, como normais.

Outros falarão de “presidencialismo de coalizão” como forma de governo possível no país, num ambiente institucional de hiperpresidencialismo e multipartidarismo.

Dê-se o nome que quiser, a coisa não muda. É a mesma: corrução passiva e ativa, compra e venda de votos, falsificação da representação política, traição à República.

Há que se distinguir entre “coalização” e “ccoptação”.

No Brasil, não há propriamente um presidencialismo de coalização, eufeminismo para a venalidade, a corrupção dos partidos no Congressso, com o fim de garantir maiorias fisiológicas para o governo. É disso que se trata.

Vão dizer que é inevitável praticar esse jogo, seja o presidente de direita, de centro ou de esquerda.

Que mais realista é dançar conforme a música do que reformar as isntituições.

Isso ninguém quer, dizem uns.

Isso nunca vai ocorrer ou mudar essa situação, dizem outros.

Pior é a cultura do menosprezo pela engenharia institucional de nossa democracia.

A idéia de que não vale a pena nem reformá-la ou discutir sobre o assunto.

Deixar para os acadêmicos - em greve- discutir bizantinices…O que importa é garantir o apoio das bancadas parlamentares, no Congresso, a preço de dinheiro, cargos, obras e indicações.

Isso é o que interessa.

A população não se importa com os meios.

Ela quer resultados: mais créditos, mais acesso ao consumo, mais renda, mais emprego etc.

Nesse ponto, confluem duas tendências políticas: a da direita golpista, fisiológica e sem princípios e a da esquerda jacobina que sempre manifestou um franco desprêzo pelas instituições políticas.

Nisso o maquiavelismo, a ética das consequencias, as famosas razões de estado fazem convergir uns e outros, em prejuizo da República e da Democracia “burguesa”.

Felizmente, já aprendemos muito com as “duras réplicas da História” para perceber que a forma é tão importante quanto o conteudo; que o método e o caminho é tão determinante quanto o resultado ou o ponto de chegada.

Maus métodos conduzem a maus resultados, viciam a conquista, comprometem a qualidade dos bens e serviços alcançados.

Em Política, não é diferente.

A reprodução das velhas práticas pelos novos partidos ou políticos viciam, contaminam, desvirtuam totalmente o sentido das ações públicas, dos atos administativos.

Infundem desconfiança e desesperança numa opinião pública assaltada diuturnamente pelos escandalos políticos e a idéia de impunidade.

De forma, que não há como deixar de concordar com o ministro Joaquim Barbosa: denúncia de crime de lesa-democracia, de lesa-cidadania.

E condenação exemplar dos culpados.

A transparencia, a visibilidade, a a mpla defesa e o devido processo legal é a garantia de que se fêz justiça aos direitos republicanos no Brasil.

PS.

Depois desse julgamento, fica a impressão que o PT tornou-se um partido como os outros, de mera competição eleitoral, não mais da inovação política democrática, a não ser que creditemos ao PT o surgimento da chamada “nova classe média” brasileira, através do crédito subsidiado, da redução do IPI etc.