Relatora do caso Cândido avalia depoimento do Major Ferreira (Foto: Vinícius Sobreira/Blog de Jamildo) A Comissão da Verdade de Pernambuco ouviu, na tarde desta quinta-feira (20), o ex-Major José Ferreira dos Anjos, conhecido por Major Ferreira, o único acusado de ter atirado no estudante Cândido Pinto de Melo, então presidente da UNE-PE, que morreu em 2002.

O militar não conseguiu fazer uma boa defesa.

Major Ferreira confirma que empresários pernambucanos financiavam assassinatos de comunistas Ao afirmar da sua atuação na noite de 27 de maio de 1969, mesma noite em que o estudante Cândido foi baleado na Ponte da Torre, o Major Ferreira defendeu-se afirmando que naquelas horas ele estava, sim, na rua, procurando Cândido, mas que não obteve sucesso.

Ferreira foi confrontado com um depoimento já colhido pela Comissão, em que afirmava que o major teria recebido uma “missão especial” naquela noite, algo que Ferreira negou.

Suspeito de envolvimento na morte do Padre Henrique, Major Ferreira diz que visita túmulo do padre todo mês “Na noite em que atiraram em Cândido eu não fui designado para nenhuma outra missão.

Eu estava procurando Cândido.

Ao fim do expediente, sem tê-lo encontrado, fui levar um ofício. no quartel.

Não me comunicaram nada, só no dia seguinte.

Me chamaram com urgência e perguntaram se eu tinha algo a ver com o ataque a Cândido.

Respondi que não.” Risoleta do Nascimento é a informante que acusou o Major Ferreira de ter tentado matar o estudante Cândido.

Risoleta acompanhou o major por meses, ajudando este na busca a Cândido.

Mas a informação passada por ela, de acordo com Ferreira, é falso. “Ela falou isso só para aparecer.

Isso é mentira”, afirmou.

Major Ferreira se contradiz em depoimento à Comissão Estadual da Verdade Nadja Brainer, relatora do caso de Cândido, fez a maioria dos questionamentos ao ex-Major.

Mas ele saiu pela tangente em todos os questionamentos importantes. “Não lembro o carro em que eu estava naquela noite.

Mas seja lá qual for, ele não estava lá, porque eu não estava lá”, afirmou num momento. “Nunca ouvi falar nisso”, disse num outro momento.

A máxima do militar foi o “não lembro de nada”.

Ele repetiu a frase incansáveis vezes durante as mais de três horas de sabatina. “Cândido disse que quem atirou foi alguém alto, com mais de 1 metro e 90, forte e moreno.

Coincidia com o biotipo do sargento Mendonça.

Mas depois, frente a frente comigo, ele quis se vingar da perseguição e jogou a culpa para mim.

Disse que fui eu e que, na hora do medo, ele poderia ter se confundido com a aparência”, defendeu-se.

Ele ainda afirmou saber que o Sargento Mendonça prendeu e surrou Cândido Pinto, meses antes.

A relatora do caso Cândido, Nadja Brainer, avaliou como positiva a contribuição ex-Major. “O depoimento do senhor Ferreira dos Anjos foi muito importante para nós vermos algumas contradições diversas na sua fala.

Ele não conseguiu justificar a sua não participação”, disse.

Dops possuía prontuário sobre Major Ferreira