(Foto: Mariana Serzedello/PSB) Secretário nacional de organização do PT, Paulo Frateschi, foi um dos emissários do partido para mediar a crise no Recife, durante o processo de prévias ocorrido em maio passado.
Atualmente comanda a agenda de viagens do ex-presidente Lula pelo Brasil.
No último domingo (16), no Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo, ele afirmou que a capital pernambucana é onde o partido enfrenta mais dificuldades para vencer a eleição e que o líder máximo da legenda ainda não visitou a capital por falta de condições políticas.No evento houve um encontro entre o ex-presidente Lula (PT) e o governador de Pernambuco Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, que tem sido acusado por parte de líderes petistas de ter “traído Lula”.
Sobre o encntro das duas lidernças, Frateschi disse que “foi tudo perfeito”, além de dizer que “é natural” a disputa entre PSB e PT em capitais importantes do Brasil. “Não há problema nenhum com o PT.
Não houve nada”, defendeu Frateschi.
Confira a íntegra da entrevista feita pela jornalista Bruna Serra, enviada especial do Jornal do Commercio para o almoço em São Paulo.
JC - Porque o ex-presidente Lula não foi ao Recife?
Ele ainda pode ir?
PAULO FRATESCHI - Não é só Lula chegar no Recife para mudar o cenário. É uma cidade com muita tradição.
Não há nenhum problema na base nacional, nós continuamos considerando o PSB um partido aliado.
Todos os problemas são localizados.
O governador luta pela hegemonia no Nordeste e estranho seria se ele não lutasse.
Ele quer ir, mas nós precisamos arrumar as condições ideais para isso.
Mas a gente não pode levá-lo a todos os lugares.
Ele fez mais de 300 gravações em vídeo!
Cada uma dessas gravações tem cerca de 30 segundos.
Ele não foi até agora porque não temos as condições para ir.
E se o Eduardo Campos for buscar o Lula no aeroporto dizendo: ‘meu presidente!’, o que seu jornal vai noticiar?
Não será o Lula com o Humberto, mas com Eduardo.
O Lula quer ir, mas eu não consigo as condições.
Vamos agora ver qual é o melhor momento, de repente no segundo turno.
JC - Há uma mudança no discurso agora?
Porque o presidente Rui Falcão já falou até em rompimento dos dois partidos em 2014.
FRATESCHI - É natural que essa disputa (entre PSB e PT) aconteça.
Isso não significa que estejamos em campos antagônicos.
O que acontece é que Humberto quer ser prefeito e o (Geraldo) Julio também.
O Lula quer Humberto e o Eduardo Campos quer o candidato dele.
Não há nenhum problema com o PT, não houve nada.
Agora, lá eles vão disputar.
JC - Como foi esse encontro entre Lula e Eduardo?
FRATESCHI - Foi tudo perfeito!
JC - Humberto compreende essa postura de vocês?
FRATESCHI - Seria estranho se ele não cobrasse.
Ele tem que batalhar, ele continua cobrando nossa ida para lá, mas o que nós temos que ver é que condições o Lula irá la.
O lula não poderá duas vezes, só vai uma.
Temos que ver, então, qual será o melhor momento: é agora, na próxima semana, é na reta final no segundo turno?
JC - Lula fez algumas gravações para candidatos do PSB.
Corre o risco dele gravar para Geraldo Julio?
FRATESCHI - Em Pernambuco, ele jamais fará gravação, mas fora fez e sem problemas.
JC - Por que Dilma não gravou para Humberto?
FRATESCHI - Ela gravou São Paulo e Belo Horizonte, nem para Porto Alegre ela gravou.
Foi pedido a ela para não se envolver nas campanhas onde a base está dividida.
O Lula está fora do governo, então fica mais à vontade para participar.
Nós não estamos cobrando essa participação dela, muito pelo contrário.
JC - Segundo turno no Recife?
FRATESCHI - A campanha do Recife vai sim para o segundo turno.
Aqueles que entendem de campanha, dizem que, no segundo turno, é outra eleição.
Na maioria dos casos, quem chega muito à frente no primeiro turno tende a cair.
JC - O PT corre o risco de sair menor desta eleição, não conseguindo fazer muitos prefeitos nas capitais?
FRATESCHI - Antes, vocês (imprensa) diziam que o PT só pode ganhar em uma capital, em Goiânia.
Agora, dizem que já podem ganhar em João Pessoa (PB) e em Rio Branco (AC).
Até o final da campanha, nós teremos condições de ganhar em seis ou sete capitais.
Isso é o nosso tamanho.
Nós temos uma frente, apoiamos nossos aliados em várias cidades.
Para falar com toda sinceridade, a situação mais difícil é o Recife, porque implicou numa luta interna do PT.
A gente não nega isso. É o que o Lula diz: quando o PT está unido, sai de baixo.
No Recife, o prefeito passou a batalhar contra Humberto.
Ele não foi a nenhum comício dos adversários, mas tem a máquina.
JC - Diante do atual cenário no Recife, o PT chegou a repensar que seria melhor ter deixado o prefeito concorrer à reeleição?
FRATESCHI - Não, isso era impensável.
Existia uma briga.
A tarefa da direção nacional do partido era encontrar um nome que promovesse a maior unidade possível no PT.
Hoje, o partido continua dividido, mas a candidatura de Humberto é como a gente consegue a maior unidade.
Se fosse como João da Costa não ia estar no nível de unidade hoje e com João Paulo também não.
Eu gosto do João da Costa, aquilo foi uma tristeza (não permitir que ele concorresse à reeleição).
Acho inclusive que a administração dele é boa, mas não tinha condição de ele concorrer.
JC – O prefeito está muito magoado com a direção do PT?
FRATESCHI – Não tiro a razão dele.
Ele continua magoado e tem razão.
Eu gosto dele, não acho que ele seja um mal prefeito mas ele não tinha as condições para unir o partido, assim como João Paulo não tinha.
A nacional acertou dentro do possível indicando Humberto porque ele é o que une minimamente o partido.
Se fosse o prefeito ou João Paulo não ia dar o nível de unidade que temos hoje.