Fotos: Agência Brasil Da Agência Estado Os ministros do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, relator, e Ricardo Lewandowski, revisor, voltaram a bater boca no julgamento do processo do mensalão.
Barbosa ficou irritado quando Lewandowski afirmou ser importante respeitar os argumentos da defesa ao comentar a situação de Geiza Dias, ex-funcionária da SMP&B, agência de Marcos Valério.
Para o relator, a afirmação pareceu uma insinuação de que ele não estaria respeitando essa premissa.
Lewandowski livra ex-vice-presidente do Banco Rural “Vossa Excelência está a sugerir que eu não fiz?
Vossa excelência diz uma coisa aqui e repete jornais. É uma insinuação isso aqui não é academia, estamos para analisar o caso.
Vamos parar com esse jogo de intrigas”, disse Barbosa.
Lewandowski perguntou, ironicamente, se era para ele parar de examinar a defesa.
Barbosa pediu que o colega votasse de maneira sóbria.
Aí foi Lewandowski quem reclamou: “Vossa Excelência está dizendo que não é sóbrio o meu voto?”, questionou.
Barbosa respondeu que “não era a primeira vez” que sentia crítica do revisor.
O presidente do tribunal, Carlos Ayres Britto, interferiu dizendo que o exercício do voto é livre.
O decano da corte, Celso de Mello, também interveio citando a doutrina e dizendo que Lewandowski estava apenas a destacar o cumprimento da garantia fundamental do contraditório.
Barbosa concordou com Celso, mas reclamou de Lewandowski ter chamado a condução do processo de heterodoxo. “Vossa excelência está tentando mostrar isso nas entrelinhas de seu voto.
Desafio quem quer que seja a ler o meu voto e demonstrar que não faço uso do contraditório”.
Lewandowski procurou encerrar a nova disputa dizendo ter elogiado muitas vezes a “clareza” de Barbosa em seus votos.
Afirmou que é normal haver discordâncias, inclusive em relação aos votos de outros ministros. “Jamais ousaria insinuar que o voto de Vossa Excelência seja incompleto”.
Concluiu dizendo que o objetivo de falar do contraditório era para por um passado de “professor” e diante da presença de alunos de Direito no plenário.
Britto interveio novamente dizendo que todos estão respeitando o contraditório.
Barbosa disse que os ministros todos têm “experiência suficiente” e não necessitam de “lições”.
Lewandowski retomou seu voto e descreveu a função de revisor como a de um médico que é consultado para dar uma “segunda opinião” em problemas de saúde.