Foto: reprodução da internet Manoel Guimarães, do Jornal do Commercio Presidente nacional do PSDB, o deputado federal Sérgio Guerra descreveu como “esperada” a subida de seu candidato, Daniel Coelho (PSDB), nas pesquisas de intenções de voto no Recife. “Nunca previ uma polarização entre PT e PSB.
Isso não tem a ver com as questões reais da cidade”, coloca.
Nessa entrevista ao JC, o dirigente também admitiu a possibilidade de, caso Daniel não chegue ao segundo turno, o PSDB apoiar os socialistas. “Não temos dificuldade nenhuma de apoiar um candidato do PSB, muito menos um candidato como Geraldo Julio.
Mas temos o nosso candidato”, pondera Sérgio Guerra.
JORNAL DO COMMERCIO - Antes da campanha, era esperada uma polarização entre PT e PSB, que até vem ocorrendo, mas Daniel está encostando.
Ele pode quebrar essa polarização?
SÉRGIO GUERRA - Eu nunca previ polarização entre PT e PSB.
Acho que essa polarização não tem nada a ver com as questões reais da cidade.
O que está em discussão não é um partido ou outro, é a cidade, as perspectivas, as necessidades a serem enfrentadas.
Acho que o candidato bom para isso é Daniel.
Nós entendemos que há um espaço para um candidato novo, que tenha um discurso coerente e uma vida limpa nessa eleição.
E fosse politicamente correto e equilibrado.
No meio dessa confusão, alguém tinha que se definir pelo seu próprio brilho, pelo talento, pelo conjunto de suas propostas.
Nós apostamos que esse alguém seria Daniel, e acho que será Daniel, hoje, amanhã e depois.
Acho que ele consegue passar todos.
JC - Em quanto tempo?
GUERRA - Não posso afirmar.
Não trabalho com futurologia, mas pelo menos é lógico que passe.
As campanhas são muito curtas, o candidato que lidera é mais do que recente, e o quadro é de clara mudança de atitude.
Penso que Daniel tem todas as características dessa mudança.
Não posso prever se ele vai ou não ser o vencedor, mas ele tem grandes chances.
JC - Tem se questionado a questão de Daniel utilizar a cor verde numa candidatura pelo PSDB, que sempre foi marcado pelo azul e amarelo.
Como vê essa questão?
GUERRA - Mais do que ninguém, Daniel pode sustentar o verde aqui no Recife.
O PSDB não se define dessa forma, através de cores.
Nosso partido é democrático, aberto, novo.
Não duvidem disso, que vão se dar mal.
JC - Comenta-se que num segundo turno entre PT e PSB, o PSDB apoiaria Geraldo Julio.
Essa é a linha?
GUERRA - Nós não temos dificuldade nenhuma de apoiar um candidato do PSB em Pernambuco ou em qualquer lugar, muito menos um candidato como Geraldo Julio.
Agora, nós temos o nosso candidato.
Vamos apoiar o nosso e vamos ganhar com ele.
Que candidato é esse que apoia logo uma segunda opção? (risos) JC - Não haveria constrangimento em subir no palanque onde já está o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB)?
GUERRA - Não teria constrangimento de ter uma aliança com o PSB.
Tanto que já fizemos no Brasil inteiro.
Temos alianças fortes como Curitiba e Belo Horizonte.
Sobre Jarbas, tudo o que eu tinha que falar já falei.
Jarbas não nos impede a coisa nenhuma.
JC - Então existe uma possibilidade de o PSDB ir para a base de Eduardo ao fim desta eleição…
GUERRA - Jeito há, mas nunca fomos colocados para isso, nem nunca propusemos isso.
E não estamos interessados em discutir sobre isso.
JC - Essa eleição municipal pode alterar a configuração nacional entre PSB e PSDB?
GUERRA - É uma bobagem nacionalizar campanhas municipais.
Eleições municipais têm a ver com as vocações, as personalidades, as conjunturas locais.
Não têm muito a ver com as eleições gerais.
Mas esta eleição vai ter impacto sobre o quadro nacional.
Com os resultados, a gente sentará de novo para pensar. É absolutamente precoce e precário estabelecer projeções agora.
Projeções para esta eleição de agora estão dando errado, imagine para daqui a dois anos.
Estas eleições vão mostrar um PT enfraquecido.
O PT hoje só é favorito em Goiânia, entre as capitais.
Fora isso, o PT não tem chance.
Está provavelmente derrotado em Salvador, Recife, Fortaleza, Porto Alegre, Belo Horizonte e tantos outros.
JC - Isso complica a situação para a sucessão da presidente Dilma Rousseff (PT)?
GUERRA - Dilma tem um problema para resolver.
A base não gosta dela e ela não gosta da base que tem.
Então, há uma grande contradição entre Dilma e sua base.
Outro problema é que as ideias que ela defende e os pontos de vista que ela sustenta não têm muito a ver com a prática do governo dela.
Muito autoritarismo e quase nenhuma solução.
Acho que o PT cumpriu um ciclo no Brasil, que a economia não vai bem, nem irá bem.
O governo vai mal, as ações do governo não acontecem.
Esse apelo recente à privatização não é sincero, nem acredito que vá dar certo.
O PT está em maus lençóis, apesar de ter um governo muito aprovado.
Dilma tem um discurso adequado e uma prática equivocada.
E claro que isso faz diferença numa eleição.
Acho que a próxima eleição brasileira vai nos mostrar um novo Brasil.
E não há reserva de mercado para ninguém, nem para o PSDB, nem para o PT, nem para nenhum outro partido.
JC - PSDB e PT polarizam as eleições presidenciais desde 1994.
Acredita que essa situação se manterá em 2014?
GUERRA - Há uma liderança muito forte do passado, que é Lula (PT), que seguramente representou e representa o seu partido.
Mas ele não disputará eleições.
Então, é provável que a próxima eleição se desenvolva na perspectiva do novo Brasil, o País que vamos discutir para o futuro.
Não confio nesse bloqueio PSDB-PT, não aposto nele.
A votação que Marina Silva (ex-PV) teve em 2010 demonstra que esse bloqueio está saturado.
Eduardo Campos (PSB) é um nome majoritário viável para as eleições brasileiras.
Hoje, amanhã ou depois de amanhã.
JC - Com o apoio do PSDB em 2014?
GUERRA - O PSDB tem candidato.
Nosso candidato provavelmente será o senador Aécio Neves (MG). É muito cedo para falar nisso.
Primeiro temos que atravessar as eleições municipais.
Fazer elas corretamente, e vamos fazer.
Neste momento, nós lideramos as eleições em Manaus, Teresina, São Luís, João Pessoa, Campina Grande e Maceió.
Só para falarmos no Norte e Nordeste.
O PSDB vai bem nesta campanha.
Sofreu alguns danos lá pelo Centro-Oeste, por conta dessa discussão de Carlinhos Cachoeira.
Em São Paulo, há uma crise na nossa campanha, mas esperamos que José Serra recupere a liderança e também ganhe a eleição.
No geral, o partido vai muito bem, deve sair muito bem desta eleição.
E posso garantir que as nossas divisões hoje são muito menores do que antes.
JC - Então Eduardo teria que se lançar candidato à Presidência fora de uma aliança com PSDB?
GUERRA - Não tenho como especular sobre a possível candidatura dele.
Acho que ele tem envergadura necessária para disputar um cargo majoritário nacional, e isso o credencia a pensar numa eleição para presidente ou vice.
Não me atrevo a pensar em nada além disso.
JC - Se perder no Recife, o PT vai para a oposição em Pernambuco?
GUERRA - O PT já gastou o que tinha de oposição, no tempo que foi oposição ao PSDB (risos).
Não vão para oposição nenhuma.
Vão se acomodar.
O PSDB continuará na sua trilha, independente e afirmativa, defendendo seus pontos de vista e seus compromissos.
JC - Qual a meta do PSDB nacional para estas eleições?
GUERRA - Em 2008 elegemos 780 prefeitos.
Agora, gostaríamos de eleger mil.
Seria um excelente resultado.
Acho que faremos entre 800 e mil prefeitos.
Isso segura um pedaço grande da oposição.
Mas outros partidos que não estão no campo do governo também devem ter resultados expressivos.
O DEM deve eleger pelo menos dois prefeitos de Capital – Salvador e Aracaju.