Por Rivaldo Soares Votei em José Serra na campanha para presidente de 2010 porque fui fiel ao pedido do meu ex-líder Jarbas Vasconcelos, senador e candidato a governador do meu partido, o PMDB.

Jarbas foi candidato dizendo “defendam meu nome contra Eduardo Campos e Dilma, a candidata de Lula”.

Eu e cerca de 500.000 pernambucanos fomos enganados por esse senhor.

Ele criticava Eduardo Campos no campo da honestidade e da conduta ética.

Quem não se lembra do, decantado por Jarbas e seus aliados, Escândalo dos Precatórios.

Ele dizia que Eduardo Campos deu um prejuízo aos cofres de Pernambuco da ordem dos R$ 400 milhões.

Jarbas levou Eduardo e o Dr.

Arraes ao descrédito, a ponto de Eduardo Campos – quando vinha de Brasília – ter que descer no aeroporto de Maceió, para não ser achincalhado pelos partidários de Jarbas, no aeroporto do Recife.

Agora, ele muda de idéia e passa uma borracha – como se pudesse – em tudo que está escrito na história política de Pernambuco.

Aliás, achincalhar é um costume do senador.

A menos de dois anos Jarbas foi às páginas amarelas da revista Veja chamar o PMDB de “partido de corruptos”, do alto de sua soberba de “honestidade”.

Esquece-se, o senador, que ele não perdeu o comando do PMDB em Pernambuco porque os políticos a quem ele chamou de corruptos, lhe deram uma segunda chance acreditando, talvez, que Raul Henry seria o candidato do PMDB em Recife.

Foram enganados também.

Quando o vice-presidente Michel Temer veio ao Recife no mês de junho, foi para lançar oficialmente a candidatura a prefeito de Raul Henry, pelo PMDB, mas ouviu um sonoro não, depois de meses de enrolação e de discursos de candidato.

Quem não se lembra do semblante sisudo de Michel Temer quando foi entrevistado pela imprensa pernambucana naquele fatídico dia de junho, último?

Ele ouviu naquele dia que o PMDB de Pernambuco e do Recife apoiaria o candidato do PSB e de Eduardo.

Jarbas Vasconcelos rasgou um pedaço de sua história.

Foi dele a célebre frase “o povo de Pernambuco me mandou para a oposição e é na oposição que devo permanecer”.

Hoje, ele se esqueceu que o povo lhe mandou para a oposição e é o mais novo ADESISTA do governador de Pernambuco.

O senhor que nos levou a votar contra Lula e Dilma e a votar também contra Eduardo Campos, rasga sua história e abraça o neto de Arraes, figura histórica que Jarbas massacrou, chamando-o de “homem dos precatórios”.

O velho Arraes, inteligente que era, deixou este mundo sem se reconciliar com Jarbas Vasconcelos e jamais imaginaria que isso pudesse acontecer com seu neto, depois de tantos dissabores que passaram juntos, nas mãos de Jarbas Vasconcelos. É preciso esclarecer ao povo pernambucano que a aliança que Jarbas e Eduardo selaram agora, tem mão e contra-mão.

Todos dois ganham e só o povo que votou nele é que perde.

De um lado, Jarbas tem que salvar sua reeleição para o Senado, em 2014, e só com o apoio de Eduardo conseguirá se reeleger.

Por outro lado, Eduardo tem como objetivo – ao se aliar com Jarbas – limpar a área na política nacional.

Eduardo sabe que Jarbas é uma pedra no sapato de Sarney, Renan Calheiros e do vice-presidente Michel Temer, líderes nacionais do PMDB.

Esse último é o alvo de Eduardo.

Jarbas ficaria com o papel de trair o seu próprio partido, minando a permanência de Michel Temer na vice de Dilma.

Eduardo quer o caminho da vice-presidência limpo e livre, para caso seu projeto de se candidatar a presidente não dê certo, ocupar, como vice, o lugar de Michel Temer, e do PMDB.

Para quem já foi um ferrenho e histórico lutador contra a ditadura e uma voz contra a corrupção, Jarbas Vasconcelos definha politicamente num papel menor como traidor do PMDB.

Dessa forma, não pode querer criticar o presidente Lula por ser fiel ao PT e à candidatura de Humberto Costa.

Esse sim é um político que tem demonstrado ser fiel aos seus princípios e não usa de meios obscuros para atingir o fim que deseja.

Aliás, Lula já deu o tom, no comício do PT em Belo Horizonte, chamando de traidores, nas entrelinhas, os políticos que se aproveitaram do apoio dele para crescer na política nacional e que agora se aliaram aos opositores dele – como é o caso de Eduardo com Jarbas – para tirar o PT do poder.

Faço esse desabafo em defesa do PMDB, que é o partido mais próximo e que dá sustentação ao governo Dilma, do PT.

Não podemos admitir que esse senhor continue a usar a sigla do PMDB para fazer apenas uso pessoal.

O PMDB de Pernambuco virou a oligarquia Jarbas.

Tem ele como senador; O deputado federal Raul Henry, que é quase um parente que o acompanha desde os 19 anos de idade; O deputado estadual Gustavo Negromonte, seu sobrinho e agora lançou o filho como candidato a vereador do Recife.

Afora isso, o PMDB de Pernambuco se resume a apenas seis prefeitos em estado que tem 184 prefeituras.

Nós que fazemos parte do PMDB das velhas lutas libertárias, temos que reagir à política do adesismo oligárquico implantada por esse senhor coronel.

Rivaldo Soares é membro do Diretório Estadual do PMDB de Pernambuco