Por Edilson Silva, presidente do PSOL-PE e candidato a vereador em Recife O prefeito João da Costa vai mesmo entrar para a história da nossa cidade.
Não apenas por ter feito uma administração abaixo da mediocridade.
Não apenas por terem lhe tirado a condição para disputar a reeleição.
Há mais a contar.
Fiquei sabendo por fonte fidedigna que sua gestão está realizando a primeira plenária do Orçamento Participativo para moradores de rua. É, indiscutivelmente, muito original e até interessante.
Ao saber da novidade tive uma sensação híbrida de aprovação e reprovação.
Aprovação por que a gestão municipal pôs-se a dialogar com uma parcela dos moradores da cidade que vivem abaixo da linha da cidadania.
Afinal de contas, a prefeitura deve ser para todos.
Mas a sensação de reprovação foi logo se impondo e a hibridez foi dando lugar a um sentimento de indignação.
Explico.
Como pode o poder público aceitar a situação indignante de uma população que sequer tem local de moradia – nem habitantes de casas subnormais conseguiram ser -, e com ela marcar uma plenária para perguntar-lhes: e aí, o que é que vocês querem?
Do que estão precisando?
Fui saber se a prefeitura tinha feito alguma preparação com estes moradores, uma ante sala deste momento histórico, a exemplo de reuniões de sensibilização, alguma tentativa de encaminhá-los a qualquer porta de saída desta situação.
Nada disso.
Ao que tudo indica, se os moradores de rua aprovarem em seu OP a construção de abrigos ou moradias populares (a mais gritante necessidade desta população), o prefeito e sua gestão farão o mesmo gesto que fizeram com outras centenas de deliberações do OP pela cidade: a mais solene desconsideração.
Se a intenção da prefeitura é fazer “perfumaria”, precisamos avisá-la que para isto já existem outras iniciativas de caráter privado que lutam diariamente para diminuir o sofrimento desta gente (neste caso não é perfumaria, mas solidariedade verdadeira), e que o que se espera do poder público é muito mais do que isto, mas, políticas públicas efetivas para garantir a todos o mínimo de dignidade humana, como estabelece todo nosso ordenamento jurídico e as boas práticas da cidadania.
João da Costa, ao que tudo indica, jogou a toalha.