Nos últimos 12 meses, o Recife foi a capital que mais gerou empregos no Nordeste.
Entre julho de 2011 e julho de 2012, foram 32.822 novos postos de trabalho.
O saldo é ainda quase três vezes maior que o de Jaboatão dos Guararapes, segunda cidade que mais criou empregos formais (9.236) no Estado.
O desempenho recifense foi apresentado ontem pela Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) na comemoração de um ano do Observatório do Trabalho do Recife, sistema de monitoramento de indicadores de emprego, elaborado em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Os números confirmam a vocação do Recife como polo empregador no setor de Serviços, responsável por 61,4% das novas vagas (ver arte ao lado).
O destaque é que a construção civil (10.709) encostou no comércio na briga pelo segundo lugar (10.813).
A tal ponto que a profissão que mais cresceu na capital pernambucana nos últimos 12 meses foi a de ajudante de obras civis (5.088), seguida por escriturários e auxiliares administrativos (3.259).
O ponto dissonante foi a eliminação de postos na administração pública (-124).
O prefeito João da Costa explicou que isso acontece não por conta de demissões de servidores, mas por substituição de terceirizados por concursados no município e também no Estado e União.
Os resultados aferidos pelo Observatório mostraram ainda que jovens entre 18 e 24 anos têm sido os principais beneficiados com a geração de empregos na capital, abocanhando 62,7% das vagas.
Quanto à qualificação, 70,16% possuem nível médio completo, enquanto 11,95% têm superior concluído.
O Observatório é um diagnóstico preciso para elaboração de políticas públicas que proporcionem aumento quantitativo e qualitativo de empregos em toda a cidade. “É um conjunto gigantesco de informações para entender como está o mercado de trabalho para que o governo e a população possam monitorar a criação de postos.
Lembrando que antes o maior desafio era superar o desemprego e agora a questão, que é nacional, é criar empregos de qualidade”, pontuou a supervisora de Observatórios do Trabalho do Dieese, Angela Schwengber.
JOÃO DA COSTA VAI À FORRA - Numa eleição municipal de ânimos exaltados, os dados positivos apresentados ontem pelo Observatório do Trabalho do Recife se tornaram mote para um misto de alfinetadas políticas e desabafo do prefeito João da Costa em seu discurso.
O chefe do executivo municipal foi impedido pelo seu próprio partido, o Partido dos Trabalhadores (PT), de disputar a reeleição. “Os números desmentem o discurso político que procuraram construir de que o Recife não acompanha o crescimento do Estado.
Recife gera metade dos empregos da Região Metropolitana.
São 70 mil empregos em dois anos, pessoal.
Isso não é pouca coisa”, iniciou o ataque. “A realidade termina se impondo.
Sem o Observatório do Trabalho ninguém sabia quantos empregos estavam sendo gerados no Recife.
Diluía tudo na Região Metropolitana.
E todo mundo ficava achando que era tudo concentrado em Suape, que só lá tinha emprego.
E a gente vê com os dados que o Recife gera quase cinco vezes o que é gerado em Ipojuca.
O debate eleitoral está acontecendo como se nada tivesse acontecido nos últimos quatro anos, como se não tivesse tido governo. É inacreditável”, ironizou.
João da Costa ainda disparou em temas mais estruturais, como a tão debatida mobilidade. “Hoje estava tomando banho e pensando, como cidadão, que não vi nenhuma proposta sobre mobilidade.
São dois anos em que vínhamos apanhando feito uns condenados, ouvindo que a Prefeitura não faz nada.
Duas semanas de guia e não vi uma proposta ainda diferente do que a gente está fazendo”, atirou. “É apenas uma constatação”, resumiu, evitando classificar o discurso carregado como um recado para algum candidato específico.
Houve espaço até para afagos no evento de comemoração de um ano da parceria com Dieese. “O senhor é um homem de bem.
Uma pequena árvore, mas frondosa”, se derreteu o superintendente regional do Trabalho e Emprego em Pernambuco, André Negromonte, do Partido Democrático Trabalhista (PDT).