Distante dos holofotes, a extrema esquerda do Recife trava uma discussão político-ideológica sobre seus métodos.
De um lado, o PSTU afirma que o a aliança entre PSOL e PCB é “populista” e trabalha em favor do PT.
Do outro lado, PCB e PSOL criticam O PSTU, afirmando que estes adotam “postura messiânica” e ainda que estariam mentindo sobre favorecimento ao PT por parte da aliança.
PSTU diz que aliança entre PCB e PSOL é uma frente populista a serviço do PT PCB critica inflexibilidade tática do PSTU e os convoca a abandonar a postura messiânica e sair do isolamento Segue a nota: “Nota Pública do PSTU em resposta ao PCB Nós do PSTU aceitamos o desafio de desmascarar o governo de frente popular em Pernambuco e em Recife e achamos que esse desafio não é só nosso, mas do conjunto da esquerda socialista como o PSOL e PCB, além dos movimentos sociais que se mantêm independentes desses governos.
Por isso apresentamos o companheiro Jair Pedro como pré-candidato do partido à prefeitura do Recife enquanto fazíamos um insistente chamado ao PSOL e ao PCB para que formemos uma frente de esquerda na cidade.
Infelizmente, o Psol e o PCB decidiram por outro rumo que acabou impossibilitando a construção de uma frente da qual fizéssemos parte.
O Psol decidiu esperar até o último minuto a posição do PDT que, ao final, decidiu pelo apoio ao candidato de Eduardo Campos do PSB, e o PCB só definiu suas candidaturas após posição do Psol.
O PSTU se pauta pelo combate aos patrões, aos governos e partidos que lhes apoiam, por isso somos oposição intransigente aos governos de Dilma do PT e Eduardo Campos do PSB.
Da mesma forma rechaçamos os partidos tradicionais de direita (PSDB, DEM e outros).
Acreditamos nas lutas diretas dos trabalhadores como a única forma de mudar o sistema que nos explora e oprime, e nesse sentido nosso partido está apoiando a luta dos servidores públicos federais em greve e dos operários da Refinaria de Suape.
Para nós pouco importa se estamos em período eleitoral ou não.
O PSTU é alvo de uma campanha de calúnias promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Pesada de Pernambuco - Sintepav, organização cuja direção é ligada ao PDT, que acusa o partido de envolvimento em atos de vandalismo durante a greve dos trabalhadores da construção civil na refinaria Abreu e Lima em Suape. É muito fácil acusar o partido nessa situação, pois somos a única organização política que publicamente declarou apoio a esse movimento paredista e que há tempos denuncia a situação precária em que vivem os mais de 40 mil operários de Suape.
No mesmo dia em que o Sintepav divulgou tais calúnias na imprensa, inclusive em matéria do Jornal do Comercio impresso, o PCB, através do candidato a prefeito do Recife, Numeriano, fez declarações (na mesma edição do JC) em que, a pretexto de responder nota do PSTU sobre as coligações na cidade de Paulista, nos acusa de “direita” e “aparelhadores de sindicato”.
Primeiro exigimos que o Sr Numeriano e a direção desse partido esclareçam se de fato é essa a posição do PCB ou se tratou de algum mal-entendido, pois tais acusações devem ser desmentidas ou levadas até o fim, para que não fique dúvida entre os trabalhadores sobre a seriedade de nossa organização, especialmente no momento em que temos sofrido tantos ataques or parte de setores patronais.
E pretendemos entrar no debate político, sobre a questão da Flexibilidade Tática e as imensas diferenças que separam a política do nosso partido em Belém e a participação do PCB na frente eleitoral de Paulista, respondendo à nota do PCB divulgada recentemente.
A candidatura de Edmilson Rodrigues do Psol no Pará canaliza hoje um sentimento de oposição de esquerda ao governo federal e também de experiência com a prefeitura do PTB, que levou a cidade à beira da destruição.
Bem diferente do que representa Sergio Leite do PT em Paulista, que é o candidato de Dilma e de Humberto Costa.
Fato que o próprio Sergio Leite faz questão de enfatizar.
O PSTU vinha defendendo, desde o final do ano passado, uma Frente de Esquerda restrita apenas aos partidos que são oposição de esquerda ao governo Dilma em todo país.
Nesse sentido, em diversas notas públicas, declarações de nossos pré-candidatos e debates na imprensa nos posicionamos contrários à presença do PC do B na coligação de Belém.
Estamos falando de declarações públicas e não de documentos restritos ou acordos de bastidores.
Diante da decisão do Psol do Belém de aceitar a coligação com o PC do B, definimos pelo apóio à candidatura de Edmilson e por uma coligação apenas na proporcional com o Psol.
Em Paulista, a coligação do PCB é em todos os níveis (majoritário e proporcional).
Essa decisão em Belém não amarra em nada nossas mãos, não diminui em nada a crítica que fazemos ao governo Dilma, não nos obriga a baixar nem um pouco o tom crítico ao próprio PSOL ou Edmilson, sempre que considerarmos que sua política está errada.
Estamos fazendo uma campanha incansável por uma Belém para os trabalhadores.
Agitamos nos canteiros de obras, nas escolas, nos acampamentos de sem-terra e ocupações de sem-teto, nos quais Edmilson tem muita simpatia e apoio, que seu plano de governar para todos é inviável – ou se governa para os trabalhadores, ou se governa para a burguesia.
E em todos os atos da frente em Belém deixamos evidente nossa posição sobre o PC do B e sua política alinhada com o governo Dilma (código florestal, copa do mundo, etc).
A coligação da qual o PCB faz parte, sem ter feito qualquer declaração pública que questionasse seu programa ou sua composição, ou seja, aceitando, na prática, as condições impostas pelos principais partidos que a compõe, trás o PT de Sergio Leite, que é alinhado integralmente com os governos federal e estadual (e ele faz questão de enfatizar esse fato em todas as suas declarações), o PTB com a figura questionável de Speck na vice, o PDT, que é ligado à força sindical e ao Sintepav, e mais o PV de Sarney Filho, o PMDB de Jarbas Vasconcelos, o PHS, além do PSOL.
Agora a coligação conta até com o apoio do PSDB de FHC e Daniel Coelho.
Para justificar tal coligação tão ampla, a direção do PCB em nota pública retrata a cidade de Paulista como uma cidadezinha sem importância política ou econômica, sem história de luta do movimento operário e sindical, onde haveria “um grande atraso na consciência dos trabalhadores”.
Paulista é hoje uma das cidades mais importantes tanto política como economicamente da região Metropolitana do Recife.
Terá papel decisivo nas eleições que se seguirão nos próximos anos.
Por isso mesmo o governo Dilma e o PT tratam o apoio à coligação encabeçada por Sergio Leite como prioridade.
E não se pode desconsiderar o peso político, a influência sobre categorias importantes da classe trabalhadora e a história de luta das entidades sindicais, populares e estudantis que existem e Paulista.
Por isso achamos um erro grave essa coligação do PCB em Paulista com os partidos que compõem a base aliada de Dilma e de Eduardo, pois vai confundir ainda mais os trabalhadores de Paulista e atrasar o processo de avanço na consciência.
E nos sentimos na obrigação de opinar sobre isso publicamente.
Como partido de oposição de esquerda aos governos de Dilma do PT e de Eduardo Campos do PSB, como frisa em nota recente a que nos referimos, o PCB precisa declarar apóio à luta dos trabalhadores da construção civil de Suape, deve se somar a uma campanha em defesa do PSTU contra as calúnias do Sintepav/PDT e romper com essa “frente tão ampla e flexível de Paulista”.
Esse chamado se estende ao psol.
Recife, 28 de agosto de 2012.
Direção Estadual do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado - PSTU