(Foto: Numeriano/divulgação) A cidade do Recife nasceu de uma vila de pescadores, no século XVI.
Milhares de recifenses vivem direta e indiretamente da atividade pesqueira nos rios, marés e oceano.
Apesar disso, segundo o candidato da Frente de Esquerda PCB-PSOL, Roberto Numeriano, os pescadores, armadores de barcos, catadores de mariscos e outros trabalhadores são em geral esquecidos pelo poder público.
Para conhecer um pouco da realidade desses profissionais, Numeriano visitou uma comunidade de aproximadamente 30 pescadores que vive na cabeceira da Ponte do Limoeiro (na junção com a Avenida Norte), em meio ao manguezal do estuário que vê passar as águas misturadas dos rios Beberibe e Capibaribe.
Barcos, botes, “baiteiras”, ao lado e debaixo da ponte podemos ver dezenas dessas embarcações, algumas fundeadas próximo ao leito do estuário, outras na areia, abandonadas ou esquecidas pelos donos.
Também há no local um estaleiro improvisado pelo pescador e mestre carpinteiro, Seu Severino Batista de Souza, 64 anos, dos quais 40 na pesca e oito em terra firme, construindo barcos com madeiras tipo louro-rosa, jaqueira, pequi e peti, leves e rijas para aguentar muitos anos de pesca sob o sol e chuva, sal e escamas.
Seu Severino tem as mãos grossas e curtidas pelo sol, mas, apesar do rosto sofrido, ainda acredita numa solução para os problemas da comunidade. “A comunidade precisa de uma marina para recolher seus barcos e um espaço para estaleiro.
Fizeram, há cinco anos, a promessa de ceder para eles um espaço onde havia a antiga praticagem da Escola de Aprendizes Marinheiros, mas tudo ficou no papel”, apurou Numeriano em entrevista de campanha. (Foto: Numeriano/divulgação) “Eles não recebem nenhuma assistência regular do Estado ou da prefeitura do Recife.
São pessoas trabalhadoras, que carecem de apoio público e atendimento às suas demandas”, explicou.
Os pescadores locais trazem nos seus barris de gelo peixes do tipo Cioba, Dentão, Sirigado, Agulhão, Cavala, Dourado, Tainha, Carapeba, Sardinha e Saúna, capturados em redes de tarrafa, de boiada, da malha miúda e de espinhéis. “Quando ainda cismo de pescar, num barco médio feito o Galileu, que já vendi, dava pra trazer até 600 kg de peixe numa boa pescaria.
Um barco grande feito o Mar Aberto, que também vendi, trás o dobro em até oito dias em alto mar”, contou Seu Severino para Numeriano.
Outro pescador local, Seu Francisco Arcanjo, 50 anos, ex-metalúrgico que deixou o chão de fábrica em São Paulo porque sempre foi apaixonado pelo mar, reclama ainda da poluição no rio, que, segundo ele, há dez anos vem afugentando os peixes nas imediações da ponte e ao largo do estuário.
Há muito óleo diesel no rio, que vem de esgotos urbanos, além de lixo.
A pesca acabou por aqui.
Antes, há uns vinte anos, ainda era possível ver botos nadando até o Derby, pelo Capibaribe", lamentou-se. “Nossa proposta para eles é dar condições de se organizarem em cooperativa, além de apoiá-los com assistência social.
Eles abastecem as feiras livres e mercadinhos do Recife, mas vivem nessas condições paupérrimas.
Vamos lutar também, junto à Capitania dos Portos, para que eles consigam ocupar o espaço da antiga praticagem da Escola de Aprendizes Marinheiros. É inadmissível que esses profissionais fiquem aqui, sob a ponte, em instalações improvisadas e até em perigo, para assegurarem o ganha-pão.
Também vamos fazer o cadastramento de todos os trabalhadores recifenses que tiram o seu sustento dos rios, estuários e mar. É preciso conhecer essa gente e saber de suas demandas”, disse Numeriano. (Foto: Numeriano/divulgação)