(Foto: Reprodução da internet) No oitavo dia de julgamento do caso Mensalão (Ação Penal 470), o Supremo Tribunal Federal iniciou com a sustentação oral da defesa do ex-deputado federal Bispo Rodrigues (PL), feita pelo advogado do réu, Bruno Alves Pereira de Mascarenhas Braga.
A defesa afirma que o valor de R$ 150 mil recebido por Rodrigues foi referente à campanha pró-Lula que o deputado teria bancado, no Rio de Janeiro, no segundo turno de 2002. “O depoimento de Célio Marcos Siqueira é o único depoimento que serve de sustentação da tese.
Carlos Rodrigues (por não ter se afastado das funções religiosas, ele não é mais conhecido como “Bispo”) recebeu, sim, o valor de R$ 150 mil do PT, mas foi somente para o pagamento das dívidas da campanha do segundo turno de 2002.” O valor foi recebido por Carlos Rodrigues já no final de 2003, quase um ano após a campanha.
Para justificar isso, a defesa cita depoimentos de membros do Partido Liberal (PL) que revelariam o atraso do pagamendo, por parte do PT, das dívidas feitas pelo PL na campanha de 2002, quando apoiou a candidatura de Lula. “Mesmo com o compromisso de apoiar o PT, o presidente regional do PT no Rio de janeiro não ofereceu qualquer ajuda.
Carlos Rodrigues então entrou em contato com Waldemar Costa Neto, então presidente Nacional do PL, e o presidente afirmou que Carlos poderia, sim, continuar com a campanha.” “Somente em dezembro de 2003, o réu recebeu de Waldemar Costa Neto um bilhete afirmando onde Célio Rodrigues (irmão de Carlos Rodrigues) deveria comparecer para receber.
Ele não sabia sequer que o lugar para o recebimento era o Banco Rural.
Célio então pagou a Carlos Rodrigues, mas foi só a dívida do PT com o PL.
A acusação contra Carlos Rodrigues de corrupção passiva e lavagem de dinheiro são sustentadas por esse recebimento, onde a acusação sequer apontou um ato de ofício.” A defesa afirmou ainda que a acusação não incrimina Rodrigues ao citar datas das supostas votações ou datas de pagamentos em que houve a compra de votos. “O Procurador-Geral da República (Roberto Gurgel) alegou que o pagamento era feito 10 dias antes ou depois da data de votações importantes.
Mas ele não citou nenhum em dezembro de 2003, quando Carlos Rodrigues recebeu o valor.” “Os contratados para trabalhar na campanha são pessoas extremamente humildes, muitos sequer têm contas em banco, sendo obrigatório a nós o pagamento em espécie.
Lembro aqui um depoimento de Waldemar Costa Neto lembrando da situação, em que a população queria receber o dinheiro e o partido não tinha como pagar.
Até a família dele foi ameaçada.
Ele afirma também pagamento só foi feito quase um ano depois, coincidindo com a época em que Carlos Rodrigues recebeu os R$ 150 mil.” A defesa de Rodrigues defende também que a tese de compra de votos envolvendo o ex-deputado federal é inconsistente, já que o mesmo era partidário do PL, do qual fazia parte também José Alencar, então vice-presidente da República, sendo assim contraditório que os parlamentares do PL precisassem receber benefícios para votar com a base governista. “É de se espantar a inconsistência da acusação de que o réu teria vendido o voto em troca de vantagem.
O PL era governo, já que o vice-presidente da República, José Alencar, pertencia aos quadros do partido.
As defesas do interesse do Governo era parte dos interesses do PL.
Então o partido teria de manter o alinhamento de interesses. É anormal e ilógico, nessas condições, votar contra os interesses do Governo do qual ele mesmo fazia parte.” Ao afirmar ainda que o raciocínio é “absolutamente inverossímil” e que “o alinhamento entre PL e PT era necessário”, o advogado cai em contradição, já que no início do depoimento, ao lembrar que o dinheiro recebido pelo PT foi para os pagamentos de dívidas referentes ao segundo turno, o defensor lembrou também que no primeiro turno o parlamentar do PL apoiou a candidatura de Anthony Garotinho (PSB), mesmo com o vice na chapa de Lula (PT) pertencendo aos quadros do PL. “Carlos Rodrigues, no primeiro turno, decidiu apoiar Anthony Garotinho.
Ao fim do primeiro turno, Rodrigues reuniu-se com a bancada do PL e decidiu apoiar Lula no segundo turno”, disse.