Foto: Agência Brasil Blog de Jamildo com Agência Estado A sessão desta quarta-feira (8) do caso do Mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) foi marcada por fortes críticas da defesa às denúncias.

Tiveram a palavras os advogados de réus ligados ao Banco Rural, do deputado federal João Paulo Cunha e do ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken.

Defensor ex-vice-presidente do Banco Rural José Roberto Salgado, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos argumentou que o acusado cuidava da área internacional da instituição na época em que empréstimos foram tomados pelas empresas de Marcos Valério para supostamente abastecer os cofres do esquema que pagava proprina para parlamentares em troca de apoio ao governo federal no Congresso.

Ele “[A acusação] é uma criação mental, sem base na realidade dos fatos, que não se sustenta.

Os empréstimos foram em 2003, quando ele superintendente de Câmbio e Área Internacional.

Só em abril de 2004, José Roberto assumiu a vice-presidência do banco, com a função de trabalhar em empréstimos internos.

O fato de José Roberto Salgado ser do banco não quer dizer que ele seja responsável pelo delitos cometidos no âmbito dele”, defendeu.

Já o advogado do ex-diretor e atual vice-presidente do Banco Rural Vinícius Samarane - acusado de, como então diretor de controle interno, omitir as irregularidades ao governo -, Maurício de Oliveira, disse que as acusações “têm características inusitadas.

Nenhum funcionário do banco é acusado de corrupção ou desvio de dinheiro público. É acusado apenas porque outros réus tomaram empréstimos no banco.

Tratam a rotina bancário como crime”, atacou.

Mais exaltado, Antônio Cláudio Mariz, defensor da ex-vice-presidente do Banco Rural Ayanna Tenório, classificou as denúncias como kafkianas, surreais. “Ela foi denunciada por causa do organograma da empresa?

Porque ela nunca ocupou um cargo financeiro na empresa.

A formação dela é voltada para recursos humanos”, argumentou.

Natural de Caruaru, no Agreste pernambucano, ela é acusada de autorizar a renovação de empréstimos concedidos pelo banco às empresas de Marcos Valério, suspeito de ser o operador do esquema de compra de apoio de parlamentares ao governo federal no Congresso.

Na defesa do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), o advogado Alberto Toron recorreu a um depoimento do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e à contratação no passado de um jornalista pelo agora senador Aécio Neves (PSDB-MG) para defender Cunha de uma acusação de peculato no processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal.

Cunha é o único réu candidato nas eleições de outubro.

Ele disputa a prefeitura de Osasco (SP). “Não se pode falar em peculato porque o trabalho foi contratado e prestado, um trabalho que vinha desde a época do presidente Aécio Neves”, destacou.

Fechando so trabalhos deste quinto dia de julgamento, a defesa do ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken rejeitou no Supremo Tribunal Federal (STF) a absolvição por falta de provas, como foi pedido pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Os advogados de Gushiken pediram aos ministros que declarem a inocência do ex-ministro.

Gushiken foi o único réu até agora que teve dois defensores se pronunciando em plenário. “A acusação pediu a absolvição, mas alegou falta de provas.

A defesa deseja mais, entende que dos autos se extrai mais do que isso, entende que está provada sua inocência”, disse Luís Justiniano de Arantes Fernandes.

Ele afirmou que o Ministério Público sabia da inocência de Gushiken quando a denúncia foi aceita, em agosto, e afirmou que um laudo de 2006 foi omitido na ocasião.

Na época da denúncia o procurador era Antonio Fernando de Souza. “O Ministério Público tinha plena ciência desde o inicio da ação do fracasso, da sua improcedência, pretendia-se fazer do processo a própria pena”.

Relembre o caso: