Foto: Agência Brasil No quarto dia de julgamento do processo do Mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (7), foram ouvidos os réus ligados ao empresário Marcos Valério, acusado de ser o operador do esquema de pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio aos projetos do governo federal.
Foram ouvidos os defensor do ex-sócio de Marcos Valério Cristiano Paz; do advogado que prestava serviços a ele, Rogério Tolentino; da ex-diretora financeira da agência do empresário SMP&B, Simone Vasconcelos; da ex-diretora financeira da agência de publicidade SMP&B, Simone Vasconcelos; e da ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabello.
Todos sustentaram o argumento de que os acusados não sabiam do esquema fraudulento.
Mensalão: em primeiro dia de defesa, advogados argumentam falta de provas Procurador-geral diz que até carro-forte era usado para transportar dinheiro do Mensalão Em sua acusação, Roberto Gurgel diz que tese da defesa de que Mensalão não existiu é risível O advogado do publicitário e sócio de Marcos Valério Cristiano Paz, disse de que o empresário era “o homem de criação” na agência SMP&B e que responde ao processo apenas porque era sócio de Marcos Valério. “Ele se dedica integralmente a esta tarefa exaustiva, impossibilitando de forma muito clara que pudesse ocupar qualquer outra função, como administrativa ou financeira”, declarou Castellar Modesto, citando provas testemunhais.
Já a defesa do advogado que prestava serviços a Marcos Valério, Rogério Tolentino, negou que o suspeito tenha sido sócio, dirigente ou gestor de empresas de Marcos Valério, como disse a acusação. “Esta associação foi feita pelo Ministério Público ao montar um roteiro próprio de novela das oito, que puxou por aqui, puxou por ali e acabou chegando no astronômico número de 40 denunciados.
A confusão é tão grande que colocaram Marcos Valério e Rogério Tolentino como sócios, quando eles nunca foram.
Acusação é ruim e fraca”, criticou o advogado Paulo Sérgio Abreu e Silva.
O defensor da ex-diretora financeira da agência do empresário Marcos Valério SMP&B, Simone Vasconcelos, confirmou que ela usou carro forte para transportar o dinheiro usado no esquema - como afirmou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, na sua acusação -, mas negou que ela soubesse que o montante era ilícito. “Ela tinha medo de sair com o dinheiro.
Claro.
Era muito dinheiro e não era dela.
Saidinhas de banco acontecem a toda hora.
Então, ela usava carro forte, sim, e por ordem do patrão.
Uma vez, ela questionou Marcos Valério: “por que não mandar DOC?” E a resposta dele foi “porque tem que ser assim””, contou o advogado Leonardo Yarochewsky.
O defensor declarou que, apesar de Simone ostentar o cargo de diretora financeira, não tinha autonomia. “Até para comprar uma bala ela precisava de autorização. É comum ter mais diretor do que funcionário em uma agência de publicidade.
Ela trabalhava no sétimo andar, abaixo de onde ficavam os sócios, lugar que era conhecido como “porão”, pela sua simplicidade.
Lá ficava um aglomerado de pessoas”.
Na mesma linha seguiu a defesa da ex-gerente financeira da SMP&B Geiza Dias.
Segundo o advogado Paulo Sérgio Abreu e Silva, “ela era uma funcionária mequetrefe, de terceiro, quarto escalão”, sem poder de ingerir nas decisões da empresa. “Ela era apenas uma batedeira de cheques.
Não conhece ninguém do Banco Rural, nenhum político beneficiado com os repasses.
Se Geiza não cumprisse a tarefa que lhe era atribuída, ela seria despedida por justa causa”, argumentou.
O último a subir na tribuna foi o defensor da ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabello.
Ela é acusada de ajudar a financiar o Mensalão na tentativa de obter vantagens do governo na liquidação do Banco Mercantil, de Pernambuco, o que o advogado negou. “Esta associação [com a liquidação do Banco Mercantil] foi feita porque o Ministério Público precisva encontrar alguma coisa que justificasse o envolvimento do Banco Rural.
Esta liquidação só foi levantada em março deste ano, então que vantagem o banco estaria tendo gastando dinheiro para corromper?”, questionou José Carlos Dias.
O advogando também ressaltou que Kátia não teria como fiscalizar os saques que eram feitos nas 120 agências da instituição e negou que a cliente teve alguma participação nos empréstimos feitos a Marcos Valério. “.
Em novembro de 2004 o Banco Rural passou por uma inspeção do Banco Central e nada foi encontrado.
Era José Augusto Dumont [ex-executivo do banco, já falecido] que se relacionava com Marcos Valério”.
Relembre o caso: