Foto: Agência Brasil O terceiro dia de julgamento do processo do Mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (6), foi dedicado ao início dos trabalhos das defesas dos 36 réus.

Fizeram suas sustentações orais os advogados dos principais acusados: o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu; o ex-presidente nacional do PT, José Genoíno; o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares; e os empresários Marcos Valério e Ramon Hollerbach.

A maior parte dos argumentos se basearam na falta de provas.

Procurador-geral diz que até carro-forte era usado para transportar dinheiro do Mensalão Em sua acusação, Roberto Gurgel diz que tese da defesa de que Mensalão não existiu é risível O advogado de Dirceu, José Luis Oliveira Lima, classificou uma possível condenação do seu cliente como “o mais atrevido e escandaloso ataque à Constituição Federal” e criticou o Ministério Público por falta de provas. “O Ministério Público apresenta frases de efeito nos autos, que a condenação [de Dirceu] vai servir de exemplo.

Como uma condenação sem provas vai servir de exemplo?

Por isso, vou pedir a abolvição dele com base nos autos, com base no que consta na ação penal”, afirmou.

O advogado afirmou que nenhum depoimento que consta nos autos confirmou participação do ex-ministro no esquema e, com base nisso, descontruiu as teses de que ele formou uma quadrilha e corrompia parlamentares. “Dirceu foi talvez uma das pessoas mais investigadas deste país.

Teve quebra de sigilo bancários, telefonônico e nenhuma prova foi encontrada.

Meu cliente não é quadrilheiro e quem diz isso são os autos.

Autos que o Miistério Público preferiu fechar os olhos”.

Na mesma linha de argumentação seguiu o defensor de José Genoíno, Luis Fernando Pacheco.

Ele afirmou que o petista não ingerir nas finanças do partido, já que tinha uma função política. “José Genuíno não conhece ninguém do chamado núcleo financeiro nem publicitário do esquema.

Ele está sendo acusado por parcos indícios.

O Mensalão nunca existiu.

Há nos autos alguma prova de pagamento de propina?

Nenhuma”, argumentou.

Luis Fernando ainda disse que a reeleição do ex-presidente Lula e a eleição da presidente Dilma são as evidências de que a opinião pública não reconhece mensalão.

Já o defensor de Delúbio Soares admitiu que o petista operou caixa 2, mas negou que ele tenha corrompido parlamentares em troca de apoio aos projetos do governo federal no Congresso.

A admissão do crime eleitoral é porque este já prescreveu enquanto o da acusação da Procuradoria-Geral da República no processo do mensalão, de corrupção ativa, ainda é passível de condenação. “Foi dado dinheiro a uma porção de pessoas sem mandato”, argumentou o advogado Arnaldo Malheiros Filho.

Ele apresentou um gráfico mostrando que quando os saques eram feitos diminuía o apoio do PL, PTB e PMDB aos projetos do governo no Congresso caíram.

O defensor justificou com o crime de caixa dois o motivo que levou os envolvidos a fazerem transações basicamente em dinheiro vivo. “O procurador disse que uma pergunta que nunca foi respondida é por que tudo era em cash?

As alegações respondem: porque era ilícito.

O PT não podia fazer transferência de um dinheiro que não tinha entrado.

As despesas pagas eram sem nota.

Quem tem vivência de eleições sabe que o que circula é a moeda corrente”.

Assim como a defesa de Delúbio, o advogado de Marcos Valério, Marcelo Leonardo, também admitiu a existência de caixa 2 para sanar dívidas de campanha do PT e de outros partidos. “O fato provado é o caixa dois de campanha eleitoral.

Marcos Valério sempre disse em suas inúmeras declarações que Delúbio lhe afirmou que o PT tinha dívidas de campanha próprias e de outros partidos.

Não há provas suficientes para condenação de que havia pagamento de propina, mas, sim, para dívidas de campanha, o que caracteriza crime eleitoral”, declarou o defensor.

Por sua vez, o defensor do sócio de Marcos Valério Ramon Hollerbach, Hermes Vilchez, sustentou o argumento de que não há provas do envolvimento dele no esquema. “Aqui não se trata de dúvida, não há prova alguma.

Para se condenar, tem que ter certeza absoluta”, declarou o defensor.

Relembre o escândalo: