Deu no Jornal do Commercio deste domingo (5) Débora Duque Dois meses atrás, o coronel do Corpo de Bombeiros Alexandre Guarines (PMN) não imaginava que participaria desta campanha municipal.
Menos ainda que seria o candidato a vice de Mendonça Filho (DEM).
Antes de ingressar no PMN e firmar uma aliança, às pressas, com o DEM, seu passado político apontava para outra direção.
Guarines, ainda hoje, declara ser um eleitor fiel do ex-presidente Lula (PT).
Daquele tipo que votou no ex-líder sindical desde a primeira campanha presidencial, em 89, insistiu em 94 e 98 e só descansou quando conseguiu levar ao Palácio do Planalto, em 2002, o mesmo Lula que, há dois anos, disse que não mediria esforços para “extirpar” o partido com o qual Guarines divide o palanque.
Gostou tanto do governo do petista que ajudou a reconduzi-lo para o cargo, quatro anos depois.
Sem esconder sua admiração pelo ex-operário, é a ele que Guarines credita a “diminuição da desigualdade social” no País. “Um segmento que antes era totalmente excluído, hoje, consome.
Lula surpreendeu.
Posso estar falando uma coisa que vá de encontro à orientação do meu partido, mas isso faz parte da minha história”, adianta.
Além dos “avanços sociais”, o coronel diz ser grato a Lula por ter quitado a dívida brasileira com o Fundo Monetário Internacional (FMI). “Passei a vida inteira ouvindo que o Brasil jamais se livraria dessa dependência”.
Mas foi a origem popular do ex-presidente que conquistou o candidato a vice, criado na periferia do Recife e formado em Direito e Ciências Sociais. “Quando a gente que vem debaixo vê um operário, desvinculado dos ricos, se esforçando para ajudar os pobres, tende a simpatizar”, analisa.
A fidelidade ao petista terminou por levá-lo a votar também no ex-prefeito João Paulo (PT), que retirou o então PFL da prefeitura ao derrotar Roberto Magalhães (DEM), em 2000.
Só que, para o coronel, a gestão do PT no Recife não obteve o mesmo desempenho da de Lula.
Mais precisamente,“não soube aproveitar o bom momento do País”.
Tampouco, diz ele, o de Pernambuco. “Para repetir uma frase de Mendonça: faltou planejamento.
Os 12 anos de gestão do PT não conseguiram trazer para a cidade o mesmo progresso que o governo estadual”, comenta, enaltecendo o “padrinho” do adversário Geraldo Julio (PSB).
O elogio a figuras que o partido de Mendonça Filho sempre combateu não o constrange.
Guarines não vê incômodo ou contradição no fato de um “lulista” convicto trabalhar para levar o DEM ao poder.
Ele diz que Mendonça sabe reconhecer as qualidades dos concorrentes. “Ele não é um oposicionista que trabalha somente na crítica, não.
Eu não vou falar por ele, mas ele sabe que Lula fez acontecer na questão da mobilidade social.
Fique feliz com a coligação por conta da postura ponderada que ele tem”, afirma.