Enquanto Lewandowski falou, Joaquim Barbosa não sentou.
Todo o tempo de pé, visivelmente irritado.
O ministro Joaquim Barbosa perdeu a paciência com o colega Lewandowski, que tenta retardar o julgamento do processo do mensalão e chegou a ler um voto bem demorado pedindo o desmembramento do processo.
A iniciativa, apresentada pela defesa dos mensaleiros, visaria devolver o processo para as primeiras instâncias, levando tudo a estaca zero. “Há dois anos o senhor é revisor deste processo.
Porque o senhor não trouxe esta questão?”, questionou.
Lewandowski responbdeu que não foi ele que trouxe o tema ao debate agora.
De fato, o tema foi sugerido pelo advogado Thomas Bastos, ex-ministro da Justiça de Lula e de vários mensaleiros.
O julgamento mal começou e Ricardo Lewandowski não decepcionou aqueles que desde sempre apostam no teor dos seus votos no julgamento.
Sempre foi visto como um ministro que se posicionam pela absolvição dos mensaleiros.
Logo no começo, quando Lewandowski iniciou seu voto em defesa do desmembramento do mensalão, Joaquim Barbosa usou o termo “me causa espécie” para reclamar.
Barbosa repetiu várias vezez que, quem quisesse tentar falar em desmembramento, deveria ter feito isto antes, de modo que a questão de ordem poderia ser resolvida pelo plenário no tempo certo e não atrasaria todo o cronograma montado para o julgamento.
A questão só interessa aos reús que queiram escapar do julgamento.
No caso, a expressão “me causa espécie” usada por Barbosa contra Lewandowski soa como algo como “está de brincadeira?”.
Pela lógica de Lewandowski, a medida seria a mais justa porque, em caso de condenação, os réus não teriam mais a quem recorrer, uma vez que o STF já é a última instância.
Entenda o rolo Dos 38 réus da ação penal do mensalão, somente três atualmente possuem prerrogativa de foro no Supremo Tribunal Federal (STF).
São os deputados João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT).
Os outros 35, em condições normais, seriam julgados na primeira instância dos tribunais de Justiça.
O advogado Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça no governo Lula e responsável pela defesa do ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, fez uma questão de ordem pedindo que os casos de todos os demais réus sejam desmembrados.
Outros advogados podem fazer o mesmo.
E o momento para isso acontecer foi logo após a leitura do relatório do caso pelo ministro relator, Joaquim Barbosa.
Os advogados dos clientes que não são mais parlamentares argumentam que eles teriam direito a um julgamento que passasse por todas as instâncias e não fosse diretamente para o STF.
Joaquim barbosa e Lewandowski destoam sobre desmembramento