A usina Cruangi pode não funcionar este ano em função da dívida que acumula com produtores e trabalhadores.
A situação ampliará o caos social já instalado na região por causa do passivo.
A terceira maior unidade em moagem no estado deve mais de R$ 8 milhões a produtores e há dois meses não paga os trabalhadores.
Em protesto, os funcionários acampam em frente da usina desde segunda-feira (30).
Para a Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), a crise começou com a separação das terras da usina Maravilha do patrimônio da usina Cruangi.
A entidade de classe dos produtores denuncia que a comercialização foi feita com objetivo de burlar o fisco. “Em operação conturbada, a venda e compra das terras da Maravilha foi reconhecida em cartório no final de 2010”, diz o presidente da AFCP, Alexandre Andrade Lima.
Ele conta que 19 mil hectares foram arrematados por parte dos acionistas da Cruangi por R$ 8 milhões, divididos em parcelas iguais no período de 10 anos.
Porém, o dirigente diz que no mesmo período, 0,83% dessas terras foi comercializada por R$ 8,7 mi para a empresa Padrão Comércio de Incorporação de Imóveis. “Em qual lugar do mundo que menos de 1% vale mais que a totalidade?”, questiona Andrade Lima, ressaltando que a venda e compra das terras por membros da Cruangi foi uma tentativa de burlar o fisco.
O dirigente ainda denuncia que a comercialização foi uma estratégia para separar as terras da Maravilha do passivo da Cruangi.
No entanto, o dirigente questiona a possibilidade e legalidade de comercializar parte da propriedade que pertence ao mesmo bloco econômico, composto pelos familiares da Usina Cruangi. “a Usina Maravilha era a que menos possuía passivo financeiro do grupo na época da venda”, lemnbra.
Na avaliação dos fornecedores, o resultado dessa situação é o atual caos social instalado na região da Mata Norte. “Os acionistas majoritários que representam a usina Maravilha e que são representantes da Usina Cruangi estão dando às costas para a parte social.
Estão despreocupados com a consequência da dívida na vida dos trabalhadores, fornecedores e das cidades que vivem da atividade econômica canavieira, proveniente da Usina Cruangi”, afirma Lima. “O cenário ainda pode piorar, porque, sem a resolução do problema, fica ameaçada a moagem da usina que começaria em setembro.
Neste período, seriam contratados 4,7 mil funcionários diretos e mais 2 mil trabalhadores dos 400 fornecedores de cana da Cruangi”.
Impasse O problema da Cruangi já chegou no Governo do Estado, conforme informou o Blog de Jamildo.
Na semana passada, produtores de cana em assembleia, que contou com a participação de quatro deputados estaduais, cinco prefeitos e dois vice-prefeitos, levaram o caso ao governador.
Os produtores já se reuniram com o secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar, e o procurador geral do Estado, Tiago Norões.
Eles se comprometeram em tentar resolver o impasse, reunindo-se com os grupos de familiares que representam Cruangi.