Elas têm uma rotina cansativa.

Como diz a música da novela que popularizou o apelido de “empreguetes” para as empregadas domésticas, acordam cedo, moram longe do emprego, pegam ônibus lotados, ganham pouco.

A recompensa é a esperança de uma vida melhor.

Um cotidiano que representa o de muitos brasileiros.

Por isso, ninguém melhor do que elas para falar das mudanças que desejam no Recife após as eleições de outubro.

Seguindo a série que conta a vida, as inquietações e os desejos de mudança na cidade das empregadas domésticas dos candidatos à Prefeitura da capital pernambucana, o Blog de Jamildo apresenta hoje Dona Sira, que trabalha na casa do candidato do PT, Humberto Costa.

Nesta quarta (18), é a vez de Emília, funcionária do prefeiturável pelo DEM, Mendonça Filho.

Transporte público ruim e falta de água são as queixas de Alda, empregada doméstica de Daniel Coelho Foto: BlogImagem Com um jeito tímido, dona Sira não se sente muito a vontade para falar com a imprensa.

Aliás, nunca tinha sido requisitada para uma entrevista.

Apesar disso, tem muito a dizer.

Sira é o apelido de Gesira Rogério da Silva, de 67 anos, que trabalha como empregada doméstica na casa do senador e candidato à Prefeitura do Recife, Humberto Costa.

Já quando é o patrão que vai aparecer na televisão, ela se preocupa. “Comecei a trabalhar engomando as roupas dele e gosto de caprichar para ele ficar arrumado.

Gosto quando ele aparece bem apresentado na televisão.

Tiro de letra isso já”, conta orgulhosa.

Quando começou o trabalho na casa de um senador, há cerca de um ano, não achou estranho ele ser uma pessoa pública. “Eu digo para todo mundo: ele é normal”, contou, ao lado da assessora de imprensa de Humberto, Natália Kozmhinsky.

Desde pequena, dona Sira se interessa por política e, segundo ela, sempre vota no PT. “Votei todas as vezes em Lula, sempre que ele se candidatou, até que ele conseguiu a Presidência”.

Ela conta que também votou em Dilma Rousseff, porque a atual presidente tinha “os mesmo planos de Lula.

Era a mesma coisa”.

Ela já orientou os seis filhos que tem que votar e, apesar de nunca ter determinado em quem, este ano recomendou. “É doutor Humberto, viu?”, fala para a família. “Espero que ele ajude as pessoas, principalmente os idosos, como me ajudou dando um emprego”, justifica.

Uma das mudanças que ela mais espera após as eleições de outubro é a melhoria do transporte público.

Todos os dias, ele tem que pegar quatro ônibus, dois para ir ao prédio do senador, em Boa Viagem, Zona Sul da cidade, e dois para voltar para casa, na Mustardinha, Zona Oeste. “É sempre muito cheio, demora para chegar”, reclama.

Dona Sira também critica os constantes alagamentos no bairro onde mora.

De acordo com ela, a Prefeitura limpou as caneletas, mas os trabalhadores da feira da área jogam lixo no chão e entupiu novamente. “Falta educação nas pessoas.

Quando chove, fico tudo cheio de água, é ruim de passar… ainda junta com esgoto.

Um horror”.

Até o pleito, dona Sira mantém a esperança de melhorias, apostando no patrão.

Enquanto isso, ajuda o chefe engomando a roupa com zelo, “para ele aparecer arrumado na campanha”.