(Foto: Vinícius Sobreira/BlogImagem) Em entrevista de cerca de uma hora concedida ao Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, o candidato do Democratas à Prefeitura do Recife, Mendonça Filho, foi diversas vezes questionado sobre o rompimento da aliança de 20 anos entre o DEM (antigo PFL) com o PMDB, que preferiu voltar a marchar com a Frente Popular, liderada pelo PSB.

Desde o início deste ano o bloco de oposição no Recife (composto por DEM, PMDB, PSDB, PPS e PMN) se reuniu diversas vezes na chamada “Mesa da Unidade”, onde os então pré-candidatos alinhavam seus discursos, atacavam a gestão e debatiam estratégias para fortalecer o (cada ano mais fraco) grupo oposicionista nas eleições 2012. “A “Mesa da Unidade” - onde fui o primeiro a aderir -, foi sugerida por Raul Jungmann (PPS) e foi extremamente útil para a oposição.

Afinamos o diálogo, estreitamos as relações, debatemos.

Mas desde o início tínhamos em mente que não teríamos apenas uma única candidatura.

Naquele momento o governo só tinha uma [que seria encabeçada por João da Costa ou Maurício Rands, que disputaram as prévias petistas], sendo mais vantagoso para nós nos unirmos em duas.” Após meses de diálogo, a Mesa da Unidade foi perdendo a “unidade”, já que três dos quatro pré-candidatos (Mendonça Filho, do DEM; Raul Henry, do PMDB; e Daniel Coelho, do PSDB) não se mostravam dispostos a abrir mão de suas postulações em nome de uma aliança com um companheiro.

Raul Jungmann (PPS) foi o único que afirmou estar disposto a desistir.

Próximo ao fim do período de convenções, a mais forte das siglas oposicionistas, o PMDB do deputado federal Raul Henry e do senador Jarbas Vasconcelos, resolveu esquecer as brigas e retomar a amizade rompida há 20 anos com o PSB. “Dos cinco partidos da Mesa da Unidade, nós (do DEM) nos unimos com o PMN,o PSDB (de Daniel Coelho) se aproximou do PPS.

E o PMDB… vocês já sabem (partiu para o bloco da Frente Popular, cuja candidatura é encabeçada por Geraldo Julio, do PSB)”, lembra Mendonça, evitando falar do PMDB.

A migração dos peemedebistas para o bloco governista revoltou o democrata Mendonça Filho, que disparou farpas contra Raul Henry, que por sua vez devolveu, afirmando que o democrata “representa o que há de mais conservador e atrasado na política”.

O mau-estar instalou-se.

Mas hoje, semanas depois do episódio, Mendonça levanta a bandeira branca e diz que episódio já é página virada.

Para não entrar em mais polêmicas, ele evita se posicionar sobre se o PMDB estaria “jogando dos dois lados”, dialogando com a oposição e com a Frente Popular simultaneamente. “Não posso me posicionar sobre a discussão entre PMDB e PSB, das quais não participei.

Não quero revirar algo que está vencido.

Não uso palavras para esconder o que digo e já disse o que penso de maneira honesta.

Para mim esse assunto está vencido.

Não faço política olhando para o retrovisor ou guardando mágoa na geladeira.

O Recife já está cansado de brigas.

Vamos fazer campanhas.” Em resposta à pecha de conservador colocada por Henry, o democrata apenas a recusou, sem devolver acusações. “Sempre vivi e convivi com pessoas simples.Vou com frequência ao Mercado de Nova Descoberta.

Ao da Boa Vista também”, afirmou.

Questionado se o episódio teria estremecido as relações com as lideranças do PMDB, Mendonça negou. “A relação pessoa com Jarbas continua ótima, claro.

Mas a minha postura com relação ao Jarbas-pessoa-pública é aquela lá.

Não retiro uma palavra.” Mendonça falou ainda sobre as acusações de que estaria “travando” união das oposições, por não querer abrir mão de sua candidatura, que é segunda colocada nas pesquisas de opinião. “Nunca coloquei minha alta e ampla vantagem como impedimento para discussão em torno de outra candidatura”, reafirmou.