Por Raul Jungmann Definidos os mega-palanques do PT e do PSB, com a conseqüente polarização entre ambos e a certeza que não teríamos como escapar do voto útil que nos desidrataria na reta final, mais a escassez aguda de recursos, que fazer?
Ou melhor: que rumo tomar?
Tínhamos que escolher entre três caminhos.
Apoiarmos o PSB do governador Eduardo Campos, ou o DEM de Mendonça Filho ou o PSDB de Daniel Coelho.
O PT, claro, não estava no nosso horizonte de alianças.
Comecemos pelo PSB, então.
Quando eu disse que o governador e seu PSB vieram para o nosso lado, da oposição, no Recife, muita gente estranhou minha afirmação.
Agora, isso está claríssimo, desnecessário argumentar porquê.
Tecnicamente, o PSB é o mais novo integrante da oposição recifense e adversário do PT na nossa capital.
Portanto, nenhum problema em conversarmos ou firmarmos aliança com os socialistas no plano local.
Tivemos duas conversas com o governador, depois de quatro anos sem nos encontrarmos.
Boas conversas.
Porém, ao final restaram três problemas incontornáveis para nós do PPS.
Um, o tempo.
A política, que exige um longo prazo para que as partes, e o público, assimilem as mudanças, os realinhamentos, normais numa democracia.
Para dar certo, tudo tem que ser à luz do dia, sob os olhos de todos e, importante!, com a participação crítica dos dois lados em questão e em especial do público.
Não havia tempo para isso.
Ficaria sempre no ar a pergunta: Mas por que mudaram de lado?
Cargos?
Apoio?
Votos?
E por que não ficaram com os antigos companheiros?
Sabem bem todos que fazem política, que tomar uma decisão e ter que se explicar é um desastre.
E nós não teríamos tempo, nem meios, para uma explicação que, por melhor que fosse, sempre deixaria um resíduo de dúvida.
Outra questão, era qual o nosso papel, que peso e importância teríamos nos rumos de uma aliança galáctica que congrega 18 partidos, muitos deles maiores que nós?
Meramente simbólica.
Somos herdeiros de uma história orgulhosa de 90 anos e um partido decente, de homens e mulheres dignos.
Mas somos um partido pequeno, em termos de votos, embora lutando duramente para crescer.
E, por fim, e o mais importante, restava a “velha” oposição, da qual fazíamos parte e mesmo congregáramos em torno da Mesa da Unidade, os companheiros do DEM e do PSDB.
Tudo pesado, optamos pelos companheiros de jornada.
Afinal, com eles nada tínhamos que explicar e teríamos um peso decisivo nos rumos, programa, campanha e aliança a ser formada.
Enfim, estaríamos confortáveis e na luta.
Mas, já que DEM e PSDB não se uniram num único palanque, qual deles apoiar?!
Mendonça Filho é um dos melhores políticos da sua geração e um cara muito correto, querido por todos nós.
Mas seu DEM, um partido conservador, provoca fortes resistências no PPS todas as vezes que a eles nos aliamos.
Tendo outra opção com a qual temos historicamente maiores afinidades programáticas e ideológicas, o PSDB, o custo de uma aliança à direita seria excessivo.
E além desses, tínhamos outros bons motivos para escolher os social-democratas.
Daniel Coelho é experiente, tem identidade com a cidade, conhece o Recife e é jovem.
Se há alguém que pode surpreender, ser a novidade que o leitor médio procura e assim quebrar a polaridade PT x PSB, sem dúvida, é ele.
Seu programa de governo, ancorado na sustentabilidade da cidade, na tecnologia, participação e inclusão social é 100% afim com nossas propostas para nossa sofrida capital.
Além do que, somos sócios do seu palanque, com o qual contribuímos com o que temos de melhor, nossa presidente estadual Débora Albuquerque, vice da sua chapa.
De quebra, nos integramos em todos os níveis, da coordenação à comunicação e mobilização de campanha, num clima excelente, desde o primeiro momento.
Nós estamos convictos de termos feito a escolha certa.
Amanhã: ser ou não ser candidato a vereador?
Raul Jungmann é ex-deputado federal