Na noite da última segunda-feira (9) o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, teve reunião de três horas com a presidente da República, Dilma Rousseff (PT).

Ao sair do Palácio da Alvorada Eduardo afirmou que “a paz está selada” e que não pensa em nacionalizar o clima de confronto entre PT e PSB em algumas cidades do país, evitando envolver o nome de Dilma nas eleições municipais.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, também participou do jantar e concedeu entrevista representando a presidente Dilma. “A presidente disse muito bem que não é para confundir uma eleição municipal com um projeto nacional, onde somos aliados e estamos do mesmo lado há muitos anos e todos reafirmamos o desejo de permanecer assim”, declarou o ministro.

Paulo Bernardo afirmou que durante a conversa eles concluíram que o momento não é de “ficar desfiando os problemas” lembrou que “o PSB foi o primeiro partido a apoiar Fernando Haddad [candidato do PT à Prefeitura de São Paulo] em um momento que parecia que iríamos ficar isolados”, que é “muito mais sensato o que aconteceu aqui” e reiterou que entendimento é que “a aliança nacional se sobrepõe à questão local”.

O ministro disse ainda que eles até tentaram mapear onde os problemas foram iniciados, mas reconheceu que existem “queixas de todos os lados”.

A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, também participou do jantar onde estava presente ainda o governador do Ceará, Cid Gomes.

Os problemas envolvendo o PT, partido da presidente, e o PSB se agravaram quando os aliados romperam a aliança nas disputas das eleições para as prefeituras do Recife, Belo Horizonte e Fortaleza, levando os dois partidos a lançarem candidaturas próprias e a surgirem notícias que a movimentação do PSB estava ligada à intenção de Eduardo em se cacifar para se candidatar à presidência já em 2014.

Em resposta a isto, Eduardo Campos anunciou apoio do PSB à reeleição da presidente Dilma. “Nossa tarefa é ajudá-la a fazer um grande governo e poder ser reeleita”, disse o governador, assegurando que a presidente Dilma “tem esta prerrogativa [de disputar as eleições em 2014]”.

E emendou: “Nós não entendemos como o PSB, a esta altura, vai colocar uma candidatura se não existe esse campo político e se nós fôssemos ter uma candidatura, nós deixaríamos o governo hoje e passaríamos a dizer à sociedade brasileira qual é a divergência que nos separa da presidente Dilma.” Inimigo fabricado - Para Campos, esta intriga está sendo criada por quem quer “vender à presidente Dilma um inimigo oculto, criar e fabricar um inimigo, para, em troca, querer oferecer um apoio fisiológico e atrasado”.

Depois de destacar que o PSB é um partido que “tem identidade histórica”, trabalha “sem submissão” e “não somos um partido satélite”, Campos afirmou ainda que o partido “soma e não divide” e que a presidente “sabe quem somos nós, de onde nós viemos, qual é o conteúdo da relação”.

Questionado se fazia referência ao PMDB, o governador se esquivou: “vocês sabem quem são, vocês falam todos os dias com eles.” Em seguida, Eduardo Campos alfinetou: “eu tenho certeza que ela confia mais no PSB do que em outros aliados que ficam vendendo a toda hora na imprensa que o PSB é inimigo da presidente Dilma.” Lula - Sobre a intenção de os partidos aliados usarem a figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas campanhas pelo país, Eduardo Campos sentenciou: “uma liderança do tamanho de Lula não pode ser puxada para qualquer disputa municipal, sobretudo quando tem pessoas que o acompanharam de um lado e de outro.” Para Campos “isso é um desserviço ao Brasil”.

E completou: “Lula é uma liderança que está acima dos partidos. É maior do que o PT, maior do PSB, PCdoB e PDT juntos.

Lula é uma referência do povo e não pode transformar o Lula em um instrumento de lutas politicas passageiras.” Segundo Eduardo Campos, “não interessa ao PSB ou à presidente Dilma criar qualquer crise ou qualquer dificuldade”.

E emendou: “a presidente tem claro que o PSB é um partido de primeira hora, é um aliado correto, que traz conteúdo positivo para o seu governo e que o objetivo do partido é ajudá-la a fazer um grande mandato para poder ser uma candidata em 2014 com apoio do PSB”.

O governador pernambucano fez questão de ressaltar que o PSB estava “satisfeito” com tratamento dado ao partido por Dilma. “O PSB tem estado ao lado da presidente Dilma nas votações mais difíceis que ela enfrentou como Código Florestal e DRU e temos uma enorme simpatia pela forma dela governar.

Não temos nenhum motivo para reclamar da atenção e do zelo da presidente Dilma com o PSB”.

Ele reiterou ainda que por isso mesmo, “não vamos trazer para o plano estadual ou nacional as divergências de um plano aqui, outro acolá”.

Com informações da Agência Estado.