Em seu primeiro ato de campanha, o deputado federal e candidato à prefeito do Recife Mendonça Filho (DEM), foi ao bairro do Ibura junto com candidatos a vereador e lideranças do partido, além do seu vice.

Sem ampla adesão da comunidade, a caminhada foi discreta e rápida, mas o democrata afirma que foi a forma que queria.

No início a caminhada contava apenas com 30 pessoas, dos quais boa parte eram pré-candidatos a vereador que queriam expor sua imagem.

Sem alarde, sem carro de som, Mendonça entrou em boa parte dos comércios da Avenida Dois Rios, no Ibura de Baixo, e não hesitou em apertar mãos meladas de graxa, beijou muitas pessoas, ouviu as reclamações e pediu votos.

A discrição da caminhada é justificada pela falta de dinheiro para a campanha, uma das principais dificuldades que o democrata enfrentará. “Temos pouco dinheiro e poucas possibilidades de angariar mais.

Não condições de enfrentar as duas máquinas. É o tostão contra o milhão.

Vamos enfrentar duas máquinas, dois rolos compressores.

Mas vale muito mais o poder do povo”, afirmou.

Entre os abraços e beijos, uma senhora poder ter passado despercebida, mas foi - talvez - uma das que mostrou maior carinho ao candidato.

Após abraçar Mendonça, uma senhora de idade disse : “Esse é meu candidato.

Nem precisava me abraçar, que ele já tem meu voto há anos”.

Por outro lado, um comerciante que preferiu não ser identificado pegou Mendonça de surpresa.

Ao apertar a mão do candidato, o senhor criticou o democrata, afirmando ter recebido um cartão das mãos de Mendonça, na última eleição, para que fosse atendido sobre um problema na garganta.

Mas que o candidato não o recebeu no gabinete e ainda disse não ter dado o cartão ao homem. “Ele disse na minha cara que não tinha dado o cartão.

Ainda foi um cartão especial para eu ser atendido com urgência, mas ele não me atendeu.

E olha que eu fiz campanha para ele”, queixou-se o senhor.

Um ponto negativo foi quanto ao diálogo com as pessoas.

A população chamou Mendonça e falou dos problemas do bairro, do canal que transborda, do rio que alaga algumas ruas.

Mas Mendonça respondia apenas com “vamos mudar isso”, “precisamos mudar”, “esses aí estão há 12 anos” ou “me ajude a mudar”.

Ao final da caminhada ele até mostrou conhecer os problemas.

Mas no corpo a corpo com a população ele não falou de soluções práticas ou sequer deixou claro que sabe, sim, dos problemas que os moradores enfrentam. “Essa área aqui de dois rios é crítica.

Essas ruas por trás sofrem muito.

Todas as vezes que chove, alaga tudo, elas ficam ilhadas, o canal transborda”, afirmou ao fim da caminhada.

Alfinetou - Na avaliação do candidato a discreta caminhada “não poderia ter sido melhor”. “Recebi muito carinho, muito calor humano. É isso aqui mesmo, muita sola de sapato”, afirmou.

Opinião também da vereadora Priscila Krause, que marcou presença na caminhada. “É uma caminhada.

Ele pára, fala, escuta.

Não é “carreirada”, onde junta um monte de gente e não escuta ninguém”, disse, soltando veneno contra outros candidatos.

E Mendonça foi no mesmo ritmo. “Essa história de governo contra governo é “tapia”, engodo”, espetou.

Nem o maltado que ganhou da comerciante deixou o seu discurso mais doce. “Eu não tenho padrinho.

Meu padrinho é o povo.

E minhas caminhadas são assim, com o calor do povo, com grupo de amigos.

Tem muito candidato que vai com 500 militantes, comissionados do governo.

Mas esse pessoal aqui, eu não chamei ninguém!”, disparou.

Mendonça Filho fará nova caminhada na manhã deste sábado (7).

O bairro escolhido é Casa Amarela, Zona Norte do Recife.

O encontro está programado para às 10h em frente ao Mercado Público do bairro.

Priscila Krause espeta Geraldo Júlio: “Conheço meu candidato como a palma da minha mão”.

Ao lado de Augusto Coutinho, Mendonça aprecia o maltado que ganhou da comerciante.

Para quem não conhece, este é o Coronel Guarines, vice de Mendonça. “Ele é bombeiro e vai ser essencial quando a campanha começar a pegar fogo”, brincou Mendonça.