Não sei se o culto Maurício Rands lê ou já leu Nelson Rodrigues, mas lembrei do dramaturgo pernambucano ao tomar conhecimento da sua carta de desfiliação do PT, nesta quarta-feira.
Esqueça aquela frase em que ele diz que nunca o Brasil foi tão obsceno e que nós vivemos uma fase ginecológica.
Não foi essa que me veio à cabeça.
Lembrei logo da espirituosa frase sobre o poder desmoralizante da bofetada. “O pior da bofetada é o som.
Se fosse possível uma bofetada muda, não haveria ofensa, nem objeção, nada”, dizia Nelson Rodrigues.
Nesta eleição de contradições, de ambos os lados, há mais de Nelson Rodrigues que poderia servir como uma luva ao momento político da capital pernambucana.
Com verdadeira ideia fixa pela questão da fidelidade conjugal, Nelson Rodrigues escreveu que em todo casal há sempre um infiel.
Assim, é preciso trair para não ser traído.
Por aqui, quem traiu quem?
Rands a Humberro ou Humberto a Rands?
Ou ambos a João da Costa?
Desde que Jarbas decidiu acabar com o monopólio da traição, que estava nas mãos dos tucanos. “Só o inimigo não trai nunca.
O inimigo vai cuspir na cova da gente”, ensinava o pernambucano ilustre.
Nelson Rodrigues é aquele mesmo que dizia que toda unanimidade seria burra, pois, quem pensa com a unanimidade, não precisa pensar.
Não me julgo mais sabido de que ninguém, mas quero dizer que odeio consensos e totalitarismo justamente por isto.