Por Raul Jungmann Inveja, foi o meu primeiro sentimento ao ler a carta de Rands.

Duvido que alguém hoje, que faça política com seriedade, que não queira, por um momento que seja, cair fora da vida pública.

Tanta corrupção, escândalos, maledicências, punhaladas e canalhice, são demais, mesmo para quem tem senso de missão e dever.

Maurício é um caso duplamente raro.

Renuncia a um mandato parlamentar sem ser acusado de nada e/ou para fugir de uma cassação certa.

E deixa um partido no poder, o PT, por puro desencanto.

Partido que ajudou a construir com disciplina e zelo ao longo de 32 anos.

O que o levou a ser relator da Reforma da Previdência no 1° Governo Lula, esquecendo de tudo o que defendeu, como militante e advogado de causas sindicais, antes de se tornar parlamentar.

Estivemos juntos em vários momentos, e lhe sou grato por diversas atitudes que, ao meu modo, reciproquei.

A exemplo da defesa que fiz do Governo Lula, quando estávamos em missão no exterior, diante do parlamento e da Suprema Corte hondurenhos, da acusação de complô, com cubanos e Chavez, na crise do presidente Zelaya em nossa embaixada.

Maurício, como tantos, fechou os olhos para os desvios e a degradação do seu partido, o PT.

Até o dia em que este, desfigurado e implacável, o triturou e esmagou seus sonhos, humilhando-o publicamente.

Referindo-se a sua saída da vida pública, seu colega Fernando Ferro disse não se saber se sua renúncia ao mandato devia-se à lucidez ou a loucura.

Opino que a lucidez.

Loucura é continuar sonhando e com ideais no palco da farsa política brasileira, onde o PT, de herói salvador, transformou-se em seu oposto: um monstro que devora e destrói seus melhores filhos.

Raul Jungmann é ex-deputado federal