“O PV não perde a oportunidade de perder uma oportunidade” Por Jacques Ribemboim* O Partido Verde tinha todas as condições favoráveis para lançar um candidato próprio à prefeitura da Cidade do Recife e crescer como força política em Pernambuco.
Eis alguns dos argumentos a favor: 1.O PV é uma sigla forte e diferenciada: simboliza novas tendências e é um sopro de alento nas expectativas do eleitor, cansado das velhas práticas políticas; 2.As eleições acontecem logo após a Conferência da “Rio+20”, um fórum de debates que fortaleceu a causa ambiental e a coloca na pauta central das atenções do público e da mídia; 3.A candidatura de Marina Silva à presidência da república, mesmo fora do PV, despertou a possibilidade de o PV ocupar espaços centrais na política nacional e, no Recife, o PV ficou em segundo lugar na disputa à presidência; 4.Em um cenário de múltiplas candidaturas, o PV além de chances reais de vitória, poderia ser o fiel da balança em um eventual segundo turno, fortalecendo sua posição estratégica na disputa; 5.O potencial dos chamados “votos de legenda” para o PV, fortalecendo a bancada na Câmara Municipal, além da óbvia sinergia que decorre da coexistência de candidatos proporcionais (para vereador) e candidato majoritário (para prefeito); 6.
A possibilidade de contar com um pré-candidato a prefeito que possui um currículo sólido e experiência administrativa tanto no setor privado quando no setor público; 7.As expectativas positivas e o entusiasmo da militância e bases partidárias, em larga maioria favorável ao lançamento de candidatura majoritária.
Em lugar disso, a diretoria executiva preferiu selar um acordo com o PSB, tornando-se tão-somente uma das quinze siglas partidárias da coligação.
Não sabemos exatamente quais os motivos que a levaram a tomar essa decisão, mas temos o dever de registrar que em nenhum momento se constituiu o debate interno entre as instâncias superiores e as bases.
Mesmo em se considerando que o PV integra a chamada Frente Popular em Pernambuco, inclusive ocupando a Secretaria de Meio Ambiente, o fato de ter candidatura própria não afronta o projeto político do governador do estado.
Ao contrário, poderia reforçar as chances de vitória da Frente Popular.
Para os verdes programáticos, uma coisa é ter candidatura própria, com chances reais de resultados.
Outra coisa é ver sua legenda reduzida a um quinze avos da coligação.
Perde-se a identidade e se repetem os erros do passado: após vinte e cinco anos de existência em Pernambuco, o PV permanece sem nenhum deputado federal, sem nenhum deputado estadual e com um único vereador na Câmara Municipal do Recife – um desempenho pífio.
Quero dizer, aqui e agora, que acato as decisões do presidente estadual, mas discordo frontalmente da sua opção.
Como dizia o provérbio basco: “Há horas em que calar é mentir”.
O PV de Pernambuco não perde a oportunidade de perder uma oportunidade! *Jacques Ribemboim é formado em engenharia mecânica, economia e engenharia de petróleo.
Possui os títulos de MSc (Mestre em Economia Ambiental) pela University College London e de Doutor em Economia pela UFPE, com pós-doutorado em economia da energia renovável e sistemas produtivos localizados na Université Pièrre Mendes France, França.
Atualmente, é professor da UFRPE, Recife, e professor visitante do Institute d’Etudes Politiques de Grenoble, na França. É escritor e ministra módulos de pós-graduação da Universidade de Pernambuco (FCAP e Poli).
Nesta semana, o escritor Jacques Ribemboim lança na cidade de Ohrid, República da Macedônia seu novo livro: “The Brazilian Economy during the 70s and the 80s: Let’s Focus on Sustainability”.
O livro (em inglês) aborda os problemas decorrentes do forte crescimento da economia brasileira na década de 1970, tais como contração de renda, inflação, endividamento público e depredação ambiental.