Por Otávio Luiz Machado, especial para o Blog de Jamildo Nada mais falta para o pontapé inicial da campanha oficial das eleições de 2012, pois praticamente está definido o conjunto de candidaturas, quem é quem na disputa e abre-se espaço para a definição de estratégias eleitorais com maior clareza com o conhecimento dos nomes dos adversários, agora com possibilidade de utilização de propaganda direta para o eleitor.
Quem aparentemente chegou tarde nas eleições desse ano foi o PSB, o que não significa que ficou com grande desvantagem, porque rapidamente propôs um candidato, convenceu a maioria da Frente Popular a aderir a sua candidatura e terá a sua disposição uma estrutura a fazer inveja a qualquer partido no Brasil.
O mote da campanha é acertado, porque a paz política, a competência técnica na gestão pública e a prática de sempre ouvir a população antes da tomada das decisões é algo louvável e esperado.
O discurso do candidato é “entendível”, ele é articulado com as palavras e mantém um nível de concentração muito alto, mas é por demais tímido em vários momentos e transmite arrogância o tempo todo, inclusive a ponto de ser um tanto quanto infeliz quando foi responder uma pergunta de uma jornalista sarcástico dizendo que ela queria réplica e tréplica, quando na verdade insistia para que ele oferecesse uma resposta mais à altura da pergunta.
Mas no geral passou no teste no lançamento de seu nome à Prefeitura de Recife.
O Governador deu respostas importantes para a cidade de Recife com uma política bem-sucedida na área do desenvolvimento econômico, mas falhou enormemente no transporte público (a Grande Recife se coloca muito mais como uma aliada dos donos das empresas em detrimento dos usuários), na segurança pública (a falta de policiamento na maior parte da cidade e os inúmeros assaltos em qualquer ponto da cidade a qualquer hora do dia ou da noite), na habitação (o déficit habitacional é enorme e pouco se faz para baixá-lo), na política anti-drogas (em Recife e no Estado como um todo não existe uma cracolância, mas mini-cracolândias espalhadas por toda a cidade e o Estado) etc.
A quantidade de lideranças que apóiam Geraldo Júlio não deve ser algo para assustar ninguém, porque é composta de nomes vindos em sua maioria de partidos nanicos que tiveram alguma expressão com as alianças que fizeram lideradas pelo PT ou PSB.
Nomes como Inocêncio Oliveira, Armando Monteiro Neto e Joaquim Francisco mantém como bases fortes o interior do Estado e não a capital, mas o grande nome de sua campanha além do governador Eduardo Campos chama-se Jarbas Vasconcelos, que possui uma boa base de eleitores em Recife desde muito tempo.
E isso tem um peso importante. È fato que a parceria do Governador Eduardo Campos com o Senador Jarbas Vasconcelos beneficia politicamente a ambos, porque fragiliza enormemente o PT nas eleições de 2012 e 2014 e constrói uma aliança robusta para tomar frente em qualquer eleição. É conveniente politicamente para ambos e não tem nada de cooptação nisso aí, porque algum dia lá atrás eles já foram aliados muito fortes e agora estão voltando a se entender.
O PT tem todas as condições de continuar na Prefeitura, porque o DEM e o PSDB é quem irão disputar os votos dos principais insatisfeitos com a gestão do PT no primeiro turno (não são poucos).
O segundo turno será uma disputa PSB e PT, certamente. É importante dizer que o PT possui a máquina municipal, já possui uma média de 30% entre os eleitores nas últimas pesquisas e possui candidatos mais conhecidos e reconhecidos na cabeça de chapa e nos postulantes a vereadores.
Também tem um histórico de transformação da vida das pessoas na cidade, que foi drasticamente reduzido com a gestão João da Costa.
Mas eleição é um período de questionamento, de debates e de convencimento.
Também de erros e acertos no uso de estratégias, constituindo-se o vitorioso aquele que errar menos.
Mesmo assim, a variável “sorte” também ronda as eleições, porque o momento é fundamental para que uma candidatura deslanche ou caía de uma vez. É educador, pesquisador, escritor e documentarista.