Por Ayrton Maciel* “Joaquim José/ Que também é Da Silva Xavier/ Queria ser dono do mundo/ E se elegeu Pedro II/ Das estradas de Minas/ Seguiu pra São Paulo/ E falou com Anchieta/ O vigário dos índios/ Aliou-se a Dom Pedro/ E acabou com a falseta”.

A estrofe da paródia O Samba do Criolo Doido, composta pelo jornalista Sérgio Porto, sob pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, em 1968, retrata, realisticamente, a falta de nexo que se tornou as decisões de alianças e candidaturas dos partidos nesta pré-campanha eleitoral do Recife.

Desde a decisão do PSB do governador Eduardo Campos de lançar a candidatura própria, oferecendo o ex-secretário de Planejamento do Estado, Geraldo Júlio, como a alternativa da Frente Popular ao PT - atendendo a grande maioria dos demais partidos da aliança -, à surpreendente e quase incrédula decisão do PMDB do senador e até seis meses atrás arquirival dos socialistas, Jarbas Vasconcelos, a política de Pernambuco virou um quadro que - ao contrário da paródia de Sérgio Porto - se põe entre o surreal e o irreal.

O cenário político é, hoje, é de realismo absurdo (aquilo que ninguém imaginava).

Ou uma mistura de Salvador Dali com Picasso em Guernica.

O espanto com o sinal dos tempos.

Sem ideologia, não há diferenças.

Quem imaginaria Eduardo contra o candidato de Lula?

E Lula contrariado com Eduardo?

E Jarbas, líder máximo da oposição, no palanque do opositor?

Na verdade, não estamos em 2014.

A verdade é que 2014 é o ano que veio antes de 2012.

A partir do que se compor até o próximo sábado, dia 30, sobrará oposição no Estado?

Caberá ao DEM falar aos surdos?

Dinte do impacto recente do jogo político, qualquer possibilidade tende a ser viável, desde que o poder seja o limite.

Para deixar com mais lógica e clarezaq as jogadas, algumas perguntasd estão atrás de resposta.

Vejamos: DEZ PERGUNTAS À PROCURA DE RESPOSTA 1 - Com a disputa eleitoral PT versus PSB no Recife, os secretários de Estado do PT (Maurício Rands, de Governo; Fernando Duarte, de Cultura; e Isaltino Nascimento, de Transportes) e dirigentes de autarquias estaduais também vinculados ao PT vão entregar os cargos a Eduardo Campos (PSB)? 2 - O PSB vai atacar a gestão do PT, no Recife, tendo seu ex-presidente Milton Coelho como vice-prefeito da cidade? 3 - Os secretários municipais vinculados ao PSB vão entregar os cargos ao PT antes da campanha? 4 - O PCdoB, que ocupou a vice-prefeitura do Recife, com Luciano Siqueira, nas duas gestões de João Paulo, vai agora entregar a Secretaria de Ciência e Tecnologia e demais cargos na PCR?

E Luciano será o vice contra o modo petista de governar? 5 - Depois de quatro anos na vice-prefeitura, o PSB vai adotar o discurso de que “o povo quer apenas trocar o gestor”? 6 - Depois de cinco anos e meio no governo Eduardo Campos, o PT vai adotar um discurso de oposição à gestão estadual? 7 - Se, em represália ao PCdoB, o PT lançar candidatura à Prefeitura de Olinda, os petistas Teresa Leitão, Jorge Perez e Horácio Reis (atual vice de Renildo), mais outros apoiadores do prefeito João da Costa (Recife), passam a fazer a campanha de Humberto Costa? 8 - Será desta vez que Sérgio Guerra (PSDB) e Eduardo campos (PSB) vão tornar público a relação política que mantêm nos bastidores? 9 - Será que vamos assistir, após 22 anos, Eduardo Campos e Jarbas Vasconcelos (PMDB) unidos em um mesmo palanque? 10 - O PSB diz que lança um candidato porque o PT perdeu as condições para unir a Frente Popular.

Quais as condições do PSB para unir a Frente? * Ayrton Maciel é Jornalista do JC.