Por Marlos Magalhães Porto Presidente do PPS em Arcoverde A censura política estabeleceu-se em Arcoverde.

Pior: sob o pretexto de salvaguardar a cultura.

As vítimas da vez são os professores, que, através do SINTEMA – Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município de Arcoverde, lutam pelo cumprimento da Lei do Piso Salarial pelo prefeito do município.

A sede do sindicato, localizada no 1º andar do prédio em que funciona, no térreo, a Vidrex, tem localização privilegiadíssima, próxima ao palco principal do São João de Arcoverde.

Lá foi posta uma faixa pelo sindicato, reivindicando, pacífica e democraticamente, o que a categoria (e, frise-se, a sociedade em geral), considera seu legítimo direito.

Ofensas na faixa não há, a absolutamente ninguém.

Mas, ao que parece, a simples verdade é por demais ofensiva àqueles que, inebriados pelo poder e pelo que ele proporciona de mais sensório e vazio, querem que o povo viva imerso na fantasia, desconhecendo desde a gravidade das investigações federais que têm sido feitas em Arcoverde ao abandono da periferia, do caos na saúde à vexatória situação vivida pelos nossos profissionais de educação.

A faixa do SINTEMA é como a voz da criança inocente, personagem de conhecido conto de Andersen, que exclama em público que o rei está nu, diante dos súditos, para desespero dos cortesãos bajuladores e dos espertalhões de circundam o poder.

Alega o secretário de Cultura, escalado para a tarefa de silenciar o sindicato, que a faixa feriria o Decreto Municipal nº 130/2012, que no seu art. 5º, proíbe a colocação de faixas de publicidade e propaganda “de empresas que não sejam patrocinadoras do evento”.

Ora, pretexto mais pueril e desarrazoado não poderia haver, posto que sindicato não é empresa, e sua crítica, ainda que veemente, não fere interesse de patrocinador algum, a não ser que alguma empresa, em um arroubo de insensatez, viesse a público manifestar-se contrariamente ao desenvolvimento da educação e à justa reivindicação dos profissionais da área de educação em nosso município.

O que o Decreto visa a coibir, de forma apropriada, é que empresas concorrentes, que não patrocinam o evento, se aproveitem indevidamente da festa para promoverem seus produtos e serviços, o que nada tem a ver com o presente caso.

A tentativa solerte de calar o sindicato é uma afronta a todos os que lutam por uma educação de qualidade e pela justa valorização dos nossos professores.

A faixa na janela, em defesa da educação, é salutar para a própria cultura, pois ambas andam de mãos dadas; educação e cultura, no São João de Arcoverde, passaram na janela e só Carolina não viu.