Por Fernando Castilho, do JC Negócios especial para o Blog de Jamildo Com todo o respeito que merecem os dirigentes do Partido dos Trabalhadores em Pernambuco, mas, em relação às eleições para prefeito do Recife ele tem se comportado como mulher de malandro que não entrou para o crime.

Absolutamente fiel, ela sabe que ele não presta, às vezes ele bate nela com violência, usa seu CPF para dar golpe no mercado e o suja no SPC/Serasa, e não tem nenhum respeito em público e em privado.

Não raro, a humilha diante de outra periguete.

Mas, o amor é maior que todas as desfeitas.

No fundo, o malando forte, viril e elegante é seu sonho de consumo de mulher.

E lá no canto do coração ela tem esperanças de, um dia, ele a reconheça como esposa e desfile com ela num domingo de sol causando inveja a toda mulherada da favela.

A carta do presidente do PT, Pedro Eugênio, ao Governador Eduardo Campos é um constrangedor exemplo disso.

O PT relata, choroso, sua trajetória de fidelidade, relembra as conquistas na Capital, se coloca à disposição para uma reconciliação de uma briga que não provocou e, finalmente, diz que não pode ser responsabilizado pelo fim da Frente Popular, e que as brigas entre João Paulo e João da Costa fazem parte do cotidiano do partido.

O governador, como todos sabem, está em outra.

Na verdade, para ele, o PT é numa linguagem de agricultura. É bananeira que já deu cacho.

Para ele, o PT ficou tão pequeno, tão insignificante que, agora, é apenas mais uma das 16, 17 ou 18 legendas que o apoiam numa nova chapa cuja estrela é o ex-secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Geraldo Júlio.

O governador até já desfila com ele cabalando votos.

Ou na linguagem na favela: saracoteia com sua nova cara-metade.

O diabo é que Pedro Eugênio expressando esse sentimento de abandono insiste num sonho de uma reconciliação.

Na vã esperança de que, pensando melhor ,e vendo que a nova paixão seja efêmera e amanhã ele acorde e volte para casa dizendo que não pode viver sem ele.

E que, como a mulher do malandro, só ela é capaz de aguentá-lo como cafuçu.

Ledo engano.

Semana passada, como a mulher do malandro, o PT espalhou na favela, ou melhor, na cidade a versão de que o pai, ou o sogrão, Lula da Silva, estava irado com o comportamento do governador.

Que iria falar com ele de forma dura e mandá-lo voltar para casa.

As periguetes da política ouviram e até se solidarizaram, mas, virada as costas, todas saíram rindo da versão.

Mas, o que parece extremante doloroso para o PT de Pernambuco é como o Eduardo Campos o tratou.

Primeiro foi só fidelidade de juras de amor com eles na aliança.

Depois, quando o PT se esfaqueou em praça pública, ele fez cara de paisagem.

No final , quando o PT ferido e ensanguentado lhe pediu amor e solidariedade. ele olhou de cima deu uma bronca nas duas facções e disse que estava de amor novo.

E isso dói muito.

Na verdade, o PT deixou de ser útil ao governador de Pernambuco desde que ele viu que junto com o fraco desempenho de João da Costa a cidade queria testar novos modelos.

Visto pelo PT, as pesquisas indicavam que o Recife queria a gestão do PT, mas com outra pessoa.

Visto pelo governador, a cidade queria outra gestão, com outra pessoa.

E rapidamente elegeu Geraldo Júlio.

E mandou sua patota lhe indicar numa carta que nem eles mesmos escreveram em apoio ao ex-secretário.

Se o PT de Pernambuco tivessem olhando o óbvio, veria rápido que Eduardo Campos e Lula têm uma simbiose que está a quilômetros do interesse do PT.

Virou uma relação de pai e filho adotado mesmo.

E como bom menino, o que Eduardo prometeu a Lula em São Paulo, o PSB lhe entregou.

Era óbvio que Eduardo Campos pôs Erundina, sabendo que ela não ficaria mesmo.

Na verdade ele estava abrindo caminho para outros apoios.

Nem Erundina acreditou que ficaria.

Até porque, foi convidada depois de tudo acertado entre Lula e Eduardo.

Para ela veio um Prato Feito, aliás, frio e sem gosto.

Então, porque Lula dedicaria atenção a Humberto, João Paulo e João da Costa?

O que lhe teriam a oferecer?

Esqueceram que, para Lula, não existe o PT.

Para o ex-presidente existe o Lulismo.

O PT existe para José Dirceu. que já vem avisando que Eduardo Campos não é parceiro, é concorrente.

Ele é quem vem advertindo ao PT que Eduardo Campos, como Lula no passado, quer ser presidente.

E ninguém mais do que José Dirceu conhece Lula e sua personalidade.

Assim, o PT foi excluído do processo e o senador Humberto Costa, abandonado e condenado a conduzir uma campanha que terá dificuldades de arranjar dinheiro, arranjar partidos que o apoiem e que terá que defender a gestão de João da Costa, que não tem nenhum motivo para lhe ajudar.

Sim, e se defender da Oposição, que vai tentar fazer com ele o que fez em 2006, retirando-o do segundo turno para disputar com Geraldo Júlio.

Pode vencer?

Pode.

Essas conchambranças de Eduardo Campos e a base aliada dependem de combinar com o povo.

E pode ser que Humberto vença Júlio, Mendonça e a requinha de partidos da Oposição.

Pode ser que logo, logo Eduardo Campos tenha que tornar real o sonho de mulher de malandro de Humberto Costa e voltar para casa depois de ver que o novo amor era efêmero.

Mas, pelo menos até o fim do primeiro turno, será a mulher abandonada.

E terá que sofrer muito.

E conviver com esse sentimento amargo de traição.

Lembrando-se todas as noites daquela frase cruel do personagem do Chico Anysio Show, interpretado pelo ator Lúcio Mauro que após ouvir o interlocutor falar cheio de esperanças, olha para câmera e diz irônico: Você já dançou Neném…