Um programa alternativo Por Juracy Andrade, no JC deste sábado Estamos em plena guerra, com muitas batalhas, pela escolha de quem será candidato do governo e da oposição às prefeituras pelo País afora, com menção especial ao embate no Recife, com o PT dividido e ameaça de rompimento da Frente Popular.
O que se vê nas passarelas são egos inflados, mágoas e ambições pessoais.
Aqui, quase não se vê exame dos problemas e necessidades da cidade, não são divulgados programas consistentes de administração.
Tudo gira em torno de uma inalcançável mobilidade, mais viadutos, tudo com vista a inatingíveis vantagens para o transporte privado.
Transporte público é tema quase proibido, pois seus concessionários estão entre os grandes financiadores das campanhas da maioria de nossos políticos.
Daí minha surpresa ao receber, do amigo Aníbal Valença, um enxuto programa de Roberto Numeriano, pré-candidato do PCB à prefeitura da cidade (o outrora chamado Partidão, pois abrigava dissidências que surgiram no bojo do golpe militar e partidos que vieram depois; nada a ver com o governista PCdoB).
Depois de criticar o debate vazio em torno de nomes e não de ideias, e também a gestão privada da coisa pública (apresentada como governabilidade), mostra como uma relação política autoritária faz com que o público seja capturado por forças privadas.
Um dos exemplos que o programa apresenta dessa captura é a questão do transporte público.
Já lá se vão muitas décadas que foram implantadas as primeiras linhas de metrô.
Além de termos parado no tempo, sua qualidade inicial vem se deteriorando incrivelmente.
E por quê?
Nem o metrô nem qualquer tipo de transporte público não concedido à iniciativa privada interessa a nossos habituais gestores, mesmo que a cidade pare sob o sistema atual.
São Paulo não parou ainda porque acordou em tempo para a necessidade de trens metropolitanos em grande quantidade e, assim mesmo, eles não são suficientes.
O Recife precisa começar já a discutir, aprovar e planejar alternativas, diz Numeriano: “Há quadros técnicos qualificados e com espírito público para a tarefa, como engenheiros, arquitetos e urbanistas.
São projetos caros e de longo e médio prazos, mas são os únicos possíveis para evitar os prejuízos sociais, econômicos e ambientais que advirão se não adotados e executados, sob iniciativa, controle e fiscalização do poder público.
Se os gestores de Pernambuco e do Recife estão mobilizados 24 horas para fazer obras viárias sob a batuta da pressão da Fifa, imaginemos os mesmos sob pressão popular consciente e ativa”.
O PCB marca presença, embora sem esperança de alcançar a PCR; mas um programa como este merece ser estudado e aproveitado por outros candidatos.
O que vemos, na área de transporte, é o metrô sem verbas para expandir-se e os automóveis particulares empurrando a cidade para o congestionamento final.