Por Terezinha Nunes Além das escaramuças entre as alas petistas e o anunciado distanciamento entre o PT e o PSB no Recife, a eleição deste ano na capital pernambucana ficará pontuada por outra iniciativa marcante: a formação de uma “mesa da unidade” entre os partidos oposicionistas. É impossível saber se as oposições estariam hoje melhor do que estão caso a “mesa da unidade”, que reuniu por um certo período o PMDB, DEM, PSDB e PPS, não tivesse sido criada mas também não está fácil apontá-la como algo saudável.
Surgida num momento de total fragilidade dos partidos oposicionistas, abalados por três derrotas consecutivas no Recife e duas no estado, a “mesa” foi uma forma engenhosa de tentar barrar a letargia e até receio dos partidos de enfrentar isoladamente as ruas.
No decorrer do tempo, porém, ela se revelou um empecilho ao próprio entendimento na medida em que os quatro partidos lançaram seus pré-candidatos, cada um contando com a possibilidade de ter o apoio dos demais, mas nenhum deles disposto a abrir mão da postulação individual em nome do interesse coletivo.
Por conta disso, o que, no primeiro momento, fez crescer no meio político e social a impressão de que, finalmente, se teria uma oposição consistente, se relevou, com o correr do tempo, ineficaz.
Como as ações teriam que se restringir às segundas e sextas-feiras já que dois pré-candidatos, Raul Henry e Mendonça Filho, são deputados federais, isso acabou impedindo que os partidos utilizassem outros quadros políticos e até mesmo seus militantes para apontar de forma permanente os erros da administração petista.
Com exceção do trabalho diuturno sobretudo de duas bravas batalhadoras na Câmara Municipal, as vereadoras Aline Mariano e Priscila Krause, se teve durante todo este tempo uma oposição de final de semana.
Não fosse a fogueira de vaidades e interesses contrariados dentro do próprio PT, hoje os petistas estariam pavimentando o caminho para ficar por mais quatro anos no poder municipal.
E, mesmo assim, poderiam ser favoritos na disputa, caso o governador Eduardo Campos não tivesse tomado o caminho que tomou depois de perder a paciência com o grupo e dar um murro em sua própria mesa, anunciando a decisão de seguir caminho diverso.
A experiência da mesa da unidade mostra, neste momento, que ela impediu que os pré-candidatos mostrassem suas caras à população, seus próprios projetos, sua diversidade de pensamento, ações e propostas.
Todos, com raras exceções, ficaram com a mesma cara.
Só vieram a se diferenciar mais depois que a “mesa” foi desfeita mas aí já se teria perdido um longo tempo e tempo em política, sobretudo em ano eleitoral ou pré-eleitoral, é algo precioso demais para ser gasto de forma inadequada.
Neste momento, as oposições voltam a pensar em unidade, diante do quadro de divisão da base governista que pode levar os dois candidatos da Frente Popular, do PT e do PSB ,ao segundo turno, tirando dos partidos oposicionistas qualquer possibilidade de retomar o poder no Recife.
Agora, porém, se estabelece uma iniciativa de diálogo diversa da que pontuou a “mesa da unidade”.
Concorda-se com a tese, defendida pelo deputado federal Sérgio Guerra, ele próprio um crítico da proposta anterior, de que os pré-candidatos retirem-se do páreo para zerar o processo e, só então, discutir sobre qual deles terá condições de representar o grupo na eleição e tentar chegar ao segundo turno.
As cartas estão na mesa e é preciso “juízo”, como afirmou o ex-deputado federal Raul Jungman, o principal articulador da “mesa da unidade” e que hoje admite a necessidade imperiosa de se mudar de estratégia.
CURTAS: Alento - A decisão da Justiça Civil de Pernambuco dando ganho de causa ao prefeito João da Costa esta semana no caso da prévia por ele vencida, vai ser usada pelo grupo do prefeito como defesa no recurso ao Diretório Nacional, a ser julgado na próxima semana, e como argumento para novas ações judiciais que serão impetradas, caso o Diretório mantenha a candidatura do senador Humberto Costa.
Pisou na bola – Os partidários do prefeito acham que o ex-vereador Dilson Peixoto pisou na bola com esta ação.
Não só a perdeu na medida em que a Justiça entendeu que a prévia é válida, como derrubou a tese do PT nacional de que quem tinha judicializado a questão era João da Costa e não a turma de Rands e Humberto.
Como se vê, JC tem argumentos, resta saber se ainda dá tempo de reverter a situação.
Rands – Ainda no PT, aliados de Maurício Rands afirmam que ele estaria magoado com a turma de Humberto Costa, daí o afastamento da disputa até agora.
Rands teria se convencido de que sua saída do páreo, discutida antecipadamente com os humbertistas, foi precipitada na medida em que João da Costa não fez o mesmo.
Desta forma, ele só teria aberto o caminho para Humberto e ficado com a imagem política desgastada.
Terminou sendo o mais prejudicado.