Sheila Borges, no JC deste sábado Em apenas uma semana, o governador Eduardo Campos (PSB) conseguiu o que, à primeira vista, parecia impossível: reunir a maioria dos partidos da Frente Popular em torno de uma candidatura “alternativa” à Prefeitura do Recife.
Este foi o objetivo perseguido, sem sucesso, pelo PT durante quase todo o mandato do atual prefeito João da Costa.
Por isso, o chefe do Executivo estadual não tem mais dúvidas: o nome do PSB que disputará a PCR em outubro – Geraldo Júlio ou Danilo Cabral – não representará só um projeto dos socialistas, mas a replicação de um modelo de gestão apoiado pelas siglas da Frente que estão alinhadas ao Palácio.
Das 18 legendas que formaram a coligação que reelegeu Eduardo em 2010, 14 decidiram delegar ao governador a responsabilidade pela condução do processo sucessório do Recife.
Nos bastidores, o Palácio já contabiliza a adesão do PV, PTN, PP, PTB, PSD, PR, PRB, PSL, PSC, PSDC, PHS, PTC, PRP e PTdoB.
Agora, não é uma questão exclusiva do PSB, mas da Frente, e ganhou outra dimensão.
Além do PT, ainda estão de fora desse arranjo o PDT e o PCdoB.
Uma ala pedetista coloca a pré-candidatura do deputado federal Paulo Rubem com o respaldo da cúpula nacional.
Mas o prefeito de Caruaru, José Queiroz, que é presidente regional, e o vice-governador João Lyra Neto querem caminhar com o PSB.
Já os dirigentes do PCdoB tomam uma posição neste fim de semana e podem também apoiar Eduardo.
Com esse argumento, o governador voltará a conversar com o senador Humberto Costa, pré-candidato do PT, até amanhã, no Recife, já que a reunião ocorrida entre os dois em Brasília, quinta-feira (14), não teria sido conclusiva.
Na ocasião, o PT ainda esperava que o governador cedesse aos apelos do ex-presidente Lula em favor de Humberto, mesmo que os petistas entrassem na campanha fraturados internamente.
O PSB, por sua vez, tinha a expectativa de que o PT, diante da crise interna e da impossibilidade de unir a Frente, pudesse ocupar a vaga destinada ao vice-prefeito na chapa do socialista, invertendo a atual dobradinha.
As possibilidades para a montagem de um mesmo palanque que reúna PSB e PT estão, contudo, cada vez mais reduzidas.
O clima entre os dois partidos está tenso e pesado.
Tanto que, no evento de ontem, em São Paulo, quando Eduardo esteve ao lado de líderes nacionais do PT para o lançamento da Fernando Haddad (PT)-Luiza Erundina (PSB) à Prefeitura da capital paulista, a situação do Recife não foi debatida.
Lula deve conversar com o governador sobre esse quadro no início da próxima semana.
Todos os nuances do episódio já foram relatados por Eduardo à presidente Dilma Rousseff ontem em Brasília, logicamente com a versão dele dos fatos.