Por Paulo Augusto Do Jornal do Commercio O governador Eduardo Campos (PSB) não rompeu com o PT estadual, mas o duro recado que passou na terça-feira (12) à sigla, tomando para si o controle da sucessão no Recife, no âmbito governista, talvez tenha sido uma jogada muito mais incômoda para os petistas do que se ele tivesse anunciado uma decisão extrema.

Afinal, de uma só vez, o socialista: 1 – fragilizou a já conturbada situação do Partido dos Trabalhadores no Estado, isolando a legenda dentro da Frente Popular; 2 – deu ao prefeito João da Costa (quase persona non grata em seu partido) um “escoadouro” para direcionar seus magoados militantes na campanha, já que é pouco provável que ele suba no palanque do senador Humberto Costa; 3 – por fim, fez o PT entender “quem é que manda”.

Tudo isto sem ter qualquer desconforto com o ex-presidente Lula – com quem, aliás, se encontra nesta sexta-feira 15 para discutir a sucessão no Recife – e com o governo federal – entenda-se: a presidente Dilma Rousseff.

Tal qual um exímio enxadrista, o governador foge do previsível.

E é difícil saber qual a próxima jogada.

Ainda que Eduardo consiga manter absolutamente sob controle sua relação com Lula e, segundo aliados, não haja a menor possibilidade de um rompimento com o governo federal, dificilmente a postura assumida agora pelo governador vai passar incólume, sem nenhuma fratura com o PT estadual.

Até porque, internamente, já existiam restrições entre petistas de alta patente ao modus operandi do governador.

Anunciar que Humberto – seu adversário na disputa pelo governo do Estado em 2006, e seu companheiro de chapa em 2010 – não tem condições de liderar o processo sucessório no Recife apenas agravou, de certa forma, tal quadro. “Se a situação vai piorar ou não, tudo depende de como a campanha eleitoral será conduzida.

Todo mundo teve paciência demais com o PT, todos os partidos da Frente Popular foram pacientes e esperaram uma solução desde dezembro.

Agora, se o PT não se acerta, não tem condições de assumir.

O que não se pode é esperar o pior: ver a Frente Popular perder as eleições.

Isso não interessa a ninguém.

O que é que Lula vai preferir?

Vencer aqui com o PSB ou perder com o DEM?”, avaliou, em reserva, um interlocutor do Palácio do Campo das Princesas.

Na avaliação de Eduardo estaria claro o seguinte: existem interesses maiores no plano nacional, envolvendo o PSB e o PT, de forma que não seria uma questão localizada, “paroquial”, que atrapalharia qualquer relação, afinal, “o PT nacional e o PSB nacional (ênfase no “nacional”) têm condições de separar o que é preponderante do que é secundário numa relação partidária”, enfatizou a fonte socialista.

O que não se sabe é se, em Pernambuco, essa cordialidade e entendimento conseguirão ser mantidos daqui para frente.

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