A Comissão Estadual da Memória e da Verdade Dom Hélder Câmara terá apoio integral do Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

Essa foi a mensagem passada pelo procurador-geral de Justiça, Aguinaldo Fenelon, aos membros da Comissão na manhã desta quinta-feira (14), no ato de entrega das cópias do inquérito e do processo sobre o assassinato do padre Antônio Henrique Pereira Neto, ocorrido em 1969, auxiliar do então arcebispo de Olinda e Recife, Dom Helder Câmara. “Tudo que for decidido aqui será abraçado pelo MPPE”, afirmou o procurador-geral.

Aguinaldo Fenelon informou que o MPPE fornecerá todos os dados e informações que a Comissão solicitar sobre crimes políticos.

Um desses documentos será o depoimento de um dos investigadores do crime: o policial civil Raimundo Pereira da Silva, prestado em 2009 no MPPE, na passagem dos 40 anos do assassinato do padre Henrique.

Na ocasião, o então procurador-geral de Justiça, Paulo Varejão, determinou a reabertura do caso para dar “respostas à população”.

No depoimento, Raimundo contou que sofrera uma tentativa de assassinato, escapando ileso, e que o carro que transportou os assassinos do padre fora abastecido, instantes antes do crime, na sede da então Secretaria de Segurança Pública (SSP), sugerindo a ligação de agentes de repressão do Estado com a morte do religioso.

Este documento passou a ser uma das peças chaves ao trabalho da Comissão pelo fato de Raimundo, segundo os próprios membros do colegiado, ter morrido há três dias.

COLABORAÇÃO – A entrega das cópias à Comissão e o fornecimento de novos dados, segundo o procurador-geral de Justiça, é um resgate ao papel do MPPE, que mesmo num período de exceção, atuou pela apuração do crime, até hoje envolvo em suspeitas de que fora cometido por motivações políticas para atingir Dom Helder. É também, prossegue Fenelon, um resgate à memória do ex-procurador Telga Araújo, que ampliou a denúncia em 1988 para incluir agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).

Ao receber das mãos do procurador-geral as quatro caixas com as cópias do processo do padre Henrique, que contém 3.394 páginas, o presidente da Comissão da Verdade, Fernando Coelho, elogiou o apoio do MPPE. “Só temos a agradecer ao MPPE por essa importante colaboração ao nosso trabalho”, comentou.