Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem Após um processo de falência que se arrasa desde 1995, o Parque Industrial da Usina Catende, na Mata Sul do Estado, será leiloado nesta quarta-feira (13).

Enquanto o valor mínimo da venda foi estipulado em R$ 100,7 milhões, a Justiça calcula que o passivo trabalhista é de quase R$ 160 milhões.

Funcionários do empreendimento que integra um dos mais tradicionais setores da economia pernambucana temem que ele seja arremato por investidores de fora do Estado.

Os lances poderão ser feitos presencial ou online, a partir das às 15h, no plenário da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital no 2º andar do Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha Joana Bezerra, área central do Recife.

O lance mínimo de arrematação foi definido pelo resultado de um laudo de avaliação econômica dos bens da Massa Falida: a planta industrial, a propriedade rural Engenho Catende de 210 hectares, o grupo de quatro geradores, veículos, tratores e máquinas agrícolas e o valor de mercado da Usina.

Só será possível fazer a compra global, sendo proibida a aquisição individual de cada item do patrimônio.

Inicialmente, o leilão iria ocorrer no dia 30 de maio.

Entretanto, a data foi cancelada, porque Banco do Brasil, nomeado para atuar como leiloeiro, demonstrou desinteresse e foi destituído da função pela Justiça.

Ao determinar o leilão, o juiz da 18ª Vara Cível da Capital, Silvio Romero Beltrão, levou em consideração o fato de que a manutenção das atividades de Catende não atende interesses públicos, sociais e econômicos a região.

Uma auditoria constatou que a inviabilidade de o empreendimento continuar sob administração da Justiça, como ocorreu até o fim de março, quando a Justiça determinou a venda.

O responsáel pelo leilão é João Dias Martins Neto.

O edital está disponível no site do leiloeiro: https://www.joaodiasleiloes.com.br.

O processo de falência da Usina Catende tinha como objetivo fazer uma gestão socialista do empreendimento.

Na época, o então governador Miguel Arraes (PSB) abraçou a causa, mas o modelo acabou não dando certo.

Quatro síndicos já passaram pela administração, cerca de 4 mil canavieiros foram demitidos, houve atraso de salários e falta de inventimento no parque industrial.

Em 2010 e 2011, a área foi atingido pelas enchentes que castigaram a Mata Sul do Estado.

Preocupados com a possibilidade de o parque ser arrematado por investidores de fora do Estado, funcionários tentarão, com apoio do Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açúcar de Pernambuco (Sindicape), dos governos federal e estadual, além de entidades de classe, comprar Catende. “Se a Usina for arremata por investidores de fora só iria gerar mais desemprego, e consequentemente, miséria.

Se Catende ficar sem moer, será um caos para a Mata Sul de Pernambuco”, afirma o presidente do Sindicape, Gerson Carneiro Leão. “A Usina não será arrematada nessa primeira oportunidade, haverá um segundo leilão.

O lance mínimo definido, de R$ 100,7 milhões, é incompatível com a realidade.

Atualmente a Catende está bastante sucateada”, comepleta.