Por Jamildo Melo, em Petrolina O prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio, do PMDB, está dando uma lição ao Recife, capital do Estado.

Ele acaba de devolver as ruas da cidade aos moradores, mesmo em ano eleitoral, período em que os políticos costumam ter medo da reação dos grupos de pressão, como sindicatos e associações.

As calçadas agora voltaram a ser dos pedestres.

Como acontece no Recife, as pessoas andavam no meio da rua, porque as calçadas eram usadas pelos camelos.

Os canteiros centrais também eram tomados pelo comércio ambulante.

Até na porta do cemitério da cidade, no centro, havia comércio informal, que foi retirado.

A limpeza do centro da cidade foi obtida graças à remodelação de um antigo prédio, projetado para ser uma estação de terminal de ônibus, agora rebatizado de Mercado Turístico, para onde foram realocados cerca de 200 ambulantes.

Como ainda sobraram 80 camelos, uma rua nas proximidades do ‘camelódromo’ foi adaptada para recebê-los.

O ponto fica em uma rua bastante movimentada do centro, onde, por sinal, está sendo construída a primeira loja das Casas Bahia em Pernambuco.

Com quatro meses, deve começar a operar.

Sem calor e sem poeira, o centro só não deu 100% certo por conta da organização incipiente.

Um síndico foi afastado, depois que a conta de luz não foi paga e a Celpe cortou o fornecimento.

A prefeitura fez uma intervenção. “Aqui não vai ter mais ambulantes nas ruas, nas calçadas.

Houve muita resistência, houve, mas o prefeito teve peito e o apoio da comunidade, além da imprensa local”, conta o secretário de Ordem Pública, Marcelo Cavalcante. “Parece um sonho, mas não tem um ambulante no centro da cidade”, gaba-se o prefeito.

No bairro Quilômetro Dois, por exemplo, até uma academia da cidade estava invadida por ambulantes e foi devolvida à cidade.

A retirada das ruas foi feita no dia 26 de dezembro passado, um dia depois do Natal, já que os comerciantes informais pediram para não perder as vendas de dezembro.“Houve reclamação, mas depois que as pessoas viram que era geral, acabou a reclamação”, obvserva Marcelo Cavalcante.

Ruas desimpedidas só me lembro de ter visto no primeiro mundo, na Europa e nos Estados Unidos.

Para garantir que os ambulantes não voltem a ocupar as ruas, foi criado um núcleo de operações urbanas, para realizar a fiscalização, com a ajuda da PM.

Quem desrespeitar a orientação, é multado e a mercadoria é apreendida.

São apenas 12 pessoas no grupo de controle.

Aqui no Recife, lembro de ter feito uma denúncia, na gestão de João Paulo, contra uma empresa, de nome Dark, que ganhava cerca de R$ 2 milhões da Secretaria de Serviços Públicos do Recife para cuidar do disciplinamento do comércio informal no Centro do Recife.

Não fazia nada e ainda servia de cabide de emprego para os vereadores.

Vergonha pura.

Clube do Carro Há um outro exemplo significativo da regulação do espaço urbano em Petrolina.

A Prefeitura do Município reformou a antiga Praça do Rato, conhecido ponto de venda e troca de carros na cidade.

O nome do bichinho nada tem a ver con sujeira física.

Era uma referência maldosa com a esperteza dos vendedores autônomos, que em geral são muito sabidos.

Com uma ampla reforma, eles ganharam uma estrutura decente, que atraiu oficinas, despachantes e até financeiras. “Vendi o meu primeiro carro (um corsa) aqui”, lembra, sentimental o prefeito Júlio Lóssio.