Embora o partido do governador Eduardo Campos tenha solicitado que o senador Humberto Costa buscasse a união do PT, os próprio socialistas, sob reserva, não acreditam que o desarmamento dos espíritos seja possível, ainda mais se se considerar um prazo tão curto, até o prazo fatal da convenções, no final do mês.
O processo de pacificação não está concluído.
Na avaliação dos socialistas, João da Costa não vai esquecer tão cedo e vai agora expor Humberto Costa. “João da Costa não foi apenas exposto, ele foi justiçado” “João da Costa não poderia ser esmagado!”, conta um socialista. “Em política, deve-se ter adversários e não inimigos.
O sujeito vencido é uma coisa, o sujeito humilhado é outra (quer ir à forra), ressalta.
Ou seja, o PT tem a hegemonia no Recife, sim, mas não pode colocar em risco a Frente Popular.
Outra crítica comum diz respeito ao encaminhamento da crise.
Ele estaria cometendo um erro por realizar a ‘agenda da imprensa’ enquanto deveria estar cuidando da agenda política, para promover a unidade interna.
Por exemplo, foi fazer a coletiva de imprensa, nesta quinta-feira, depois de vir de São Paulo, sem antes ter conversado com o governador.
Diante da condição ‘só conseguirá o apoio do PSB se tiver a unidade’, os socialistas observam que ninguém do lado de Humberto Costa tem canal de relacionamento com o prefeito João da Costa. “O PSB soube preservar o grau de interlocução, fez por onde merecer.
O único que tem ligação, por conta do vice, Milton Coelho”, avalia-se. “Não se pode deixar que o episódio do PT contamine a Frente Popular.
Também não vamos poder ficar aguardando o posicionamento do PT eternamente.
Como não se pode sair do jogo, temos que ter mais de uma alternativa” Na avaliação dos socialistas, um dos principais erros de avaliação ocorreu com a debandada de toda corrente, logo após o Carnaval.
Nesta fratura, não se teve o cuidado de preservar qualquer interlocução. “Estão pagando agora e vão pagar muito mais” “É muito ruim para ele.
João da Costa vai até as últimas instâncias, enquanto ele vem apenas de cima?” Depois disto, outro momento que causou espanto foi a divulgação de uma nota às vésperas da decisão da Executiva Nacional, com duros ataques ao prefeito João da Costa. “É uma forma amadora de fazer política, sair com um manifesto só para agredir, um documento desnessário, para quem depois iria precisar de pedir apoio”, aponta a contradição a fonte socilista.
Outro erro foi não ter rebatido a fala do petista radical Dilson Peixoto chamando os aliados de João da Costa de maloqueiros.
Tinha que passar uma borracha nisto, dizem os socialistas.
Como não se fez, fica até hoje o mal estar. “Neste momento, João da Costa deve estar de peito lavado.
Humberto Costa pensava que iria chegar aqui e ter o apoio automático do governador, só que ele não teve o apoio do governador, nem do prefeito, nem Armando Neto fez qualquer pronunciamento.
Isto mostra que não era o jeito pessoal de João da Costa, era a arrogância e prepotência do PT, para quem todos devem se submeter à sua hegemonia”, diz um socialista.
No caso, o PSB esperava que a situação se resolve-se nas prévias.
Alinhamento automático De acordo com os socialistas, o partido está dividido em relação ao apoio aos petistas, a situação está sendo maturada. “Há quem defenda o alinhamento automático, há quem defenda um candidato do PSB para a cidade.
Não está 100% consolidada uma posição”, frisa a raposa felpuda socialista.
No Rio de Janeiro, antes mesmos das prévias, o dirigente socialista Roberto Amaral já reverberava o alarme. “Não vamos para o abraço dos afogados com o PT”, comentou, em O Globo.