Por Raul Jungmann Humberto Costa, o biônico, é refém de João da Costa, o maloqueiro?
Sim, e nada na conjuntura é tão ou mais decisivo do que isso.
Caso o prefeito resolva cooperar, mesmo assim a vida de Humberto não será fácil.
Caso não coopere, será um inferno.
Logo, é do que fará, quando e se fará João da Costa, que dependem as chances de sucesso e de fracasso de Humberto Costa e o resultado da eleição de outubro.
Imagine a seguinte situação: uma greve dos garis deixa a cidade um lixo e o prefeito faz corpo mole.
Que fará Humberto?
Se atacar o prefeito poderá ser soterrado pelos detritos; se defender, talvez seja varrido junto, em outubro, pelos eleitores.
Fazer o que?
Se Humberto o atacar, o prefeito pode escancarar que até ontem o senador mandava e desmandava numa gorda fatia de poder da PCR, contratos e licitações inclusive, sendo, prá todos os efeitos, sócio-diretor da atual gestão.
Se louvar a “grande obra”, corre o risco de virar viúva sem defunto….Ou vice versa, perante os abandonados recifenses.
Próximo à cena do sinistro e rindo a socapa, o governador Eduardo Campos aduba um pé de laranja que tenha um pé na oposição, como em 2008.
Afinal, aquilo que seu avô apenas sonhara, ele alcançou silenciosamente: o PT virou uma assombração de si mesmo.
Na plateia, parte da oposição, ávida, esfrega as mãos, certa que, desta vez, lhe basta ter mais sorte que juízo.
Faz continhas de chegada, contrata estúdios e marketeiros, esquecendo-se que é “a política, idiota!” que resolverá quem vai chegar lá, e não o destino ou a fortuna.
Dos embates políticos e sociais emergem os termos e vocabulário que os definem e marcam.
O circo das prévias do PT consagrou dois: biônicos e maloqueiros.
Os partidários de Humberto chamam os seguidores do prefeito de maloqueiros - sem educação, desordeiros – essa grande fatia do lunpensinato que adere aos governos em busca de uma boquinha, e que o PT quer nos vender como sua despreendida militância.
Já os fiéis de João da Costa, tratam os humbertistas de “biônicos”, isto é, os afilhados da cúpula partidária que controlam a burocracia, mas não os votos do aparelho partidário.
Pensando bem, e a luz do triste espetáculo que o circo do PT tem levado a cena, os dois tem toda razão.