O aumento de 62% no salário dos vereadores do Recife ainda não foi dado como aceito.
E na tarde do último domingo (3) um grupo de estudantes protestou na Avenida Boa Viagem pedindo a revogação do aumento, que classificam como “imoral” e, com o apoio da OAB-PE, declaram agora que também é “ilegal”.
O movimento foi promovido pela Organização Pernambucana Contra a Corrupção - OPECC, que na internet conta com pouco mais de 1.500 membros.
Inicialmente esperava-se fazer uma caminhada, mas a baixa adesão à ação - estavam presentes menos de 50 estudantes - dificultou colocar a ideia em prática.
Eles então fixaram-se num sinal e focaram o ato na conscientização dos que passavam na avenida.
Um dos líderes do OPECC, Karlos Bungenstab, lamenta que o jogo do Brasil tenha coincidido com o protesto, o que teria dificultado a adesão das pessoas.
Mas ele ressalva que, como ato de conscientização, obtiveram sucesso. “Hoje focamos mais na coleta de assinaturas e distribuição de panfletos.
Distribuímos mil e vimos que muita gente sequer sabia que os vereadores haviam conseguido este aumento.
As assinaturas coletamos mais de 300 só hoje.
A lista que circula na internet já tem mais de 12.500 nomes.” O abaixo-assinado deve ser entregue na próxima quarta-feira (6) na Câmara do Recife para fazer pressão nos vereadores.
De acordo com os estudantes presentes, a vereadora Priscila Krause (DEM) se manifestou sobre o ato do grupo. “Priscila Krause foi a única que mostrou apoio ao nosso ato”, disse.
Ao lado, outro jovem não perdoou: “mas no dia da votação ela votou a favor.
Agora que pressionamos, ela diz que retiraria seu voto.” Algo que o jovem fez questão de ressaltar é que agora têm o apoio da OAB na campanha contra o aumento. “Além de imoral, o aumento é ilegal.
Ele foi feito por Decreto Legislativo, quando deveria ser feito por Lei, o que exigiria a aprovação do prefeito.
Sendo assim, entraremos com ação no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) contra o aumento”, avisa.
Karlos também comemora a boa presença de jovens no ato deste domingo. “Muita gente aqui tem 15, 16 anos.
Isso é muito positivo”.
Um dos mais jovens do grupo é Arthur Accioly, 16, estudante do segundo ano do ensino médio e também membro do OPECC.
Arthur fez panfletagem do lado de fora de alguns colégios particulares nas últimas semanas, convocando para o protesto, mas se queixa do pouco interesse dos seus colegas. “Em colégio particular é muito difícil alguém se preocupar, protestar.
Todo mundo é acomodado, outros têm medo de um possível enfrentamento policial”.
O estudante ressaltou o apoio dentro do colégio: “professores foram de fundamental contribuição”.
Mas outros estudantes se queixaram justamente que nenhum dos mestres estiveram presentes no ato.
A movimentação de ontem foi o 5º ato do grupo, que já protestou na avenida Agamenon Magalhães, no Marco Zero e duas vezes na Câmara.