Por Otávio Luiz Machado, especial para o Blog de Jamildo Muito se falou nos últimos dias sobre os erros e acertos do PT em relação a condução do processo de escolha de seu candidato à Prefeitura de Recife.

As prévias foram totalmente descaracterizadas por erros cometidos por ambas as chapas, mas em especial a do Prefeito João da Costa.

A decisão de não abrir o pleito para todos os petistas da cidade fez descarrilhar ainda mais esse processo tenso. É uma briga onde o PT se arrisca demais, com prejuizos a longo, médio e curto prazos.

O que não pode acontecer nessa altura do campeonato é o cometimento de mais erros, porque já estamos em junho e as eleições ocorrem em outubro.

A grande pergunta é: daria prazo para se construir uma nova candidatura com musculatura suficiente para defender (ou explicá-la) a atual gestão, convencer o eleitor que os erros políticos e administrativos serão superados e que a cidade sairá do marasmo que se encontra desde que os petistas pararam para cuidar do poder e esqueceu da cidade?

Também é loucura fazer uma candidatura lá no centro de São Paulo por pessoas que pouco conhecem a cidade, ignorar a figura do prefeito que não chegou aonde chegou por simples e pura sorte e levar uma eleição com o PT numa conjuntura de enfraquecimento da figura de Lula e do julgamento do mensalão.

O eleitor não vai entender que a candidatura construída lá em São Paulo visa beneficiar exclusivamente as eleições de São Paulo gerando o esquecimento sobre a cidade de Recife.

Nesse contexto, como João da Costa pode ser o único capaz de defender sua própria gestão (que é na verdade do PT), já possui pontos nas pesquisas que ficam entre 20% e 30%, mostrou-se totalmente irredutível na retirada de sua candidatura, com ele ou sem ele a unidade do PT não será retomada e não existe tempo hábil para acordos ou correções dos problemas existentes, a candidatura dele se apresenta como a única capaz de dar uma chance do PT de continuar na Prefeitura. É óbvio que Rands traria mais benefícios para a gestão do PT na Prefeitura, que João Paulo é o nome que grande parcela da população gostaria que fosse o prefeito e Humberto Costa pode ser um excelente prefeito.

Mas o momento político está mais para João da Costa, que embora tenha feito uma gestão medíocre e conversou pouco com os aliados e a população, também não pode ser descartado pura e simplesmente para agradar determinadas tendências internas ou grupo de aliados.

Ele é uma construção do PT, que pode e deve ser decidida se continua por lá apenas nessa altura do campeonato pela população da cidade, o povo.

Na escolha do PT sem nenhum adversário externo o que se viu foi a perda de todos.

Uma derrota sem adversários que só gerou derrotados, nesse caso todo o PT.

Agora é a hora da verdade, da objetividade, do bom senso, do entendimento de que os petistas não conseguiram corrigir os erros de três anos em três meses e não conseguirão isso até as eleições.

Nem sempre o pior caminho impede que todos cheguemos bem ao nosso destino.

A questão é chegar.

Otávio Luiz Machado é educador, pesquisador, escritor e documentarista